PM afirma que Guilherme Batkevicius atirou contra policiais, mas única arma encontrada no local era de brinquedo. Passadas 2 semanas, DHPP ainda não iniciou investigação
Policiais militares do 28º Batalhão da Polícia Militar Metropolitano mataram com um tiro nas costas o adolescente Guilherme Batkevicius Alves, 16 anos, em 8 de junho, no Jardim Helian, na zona leste da cidade de São Paulo. Passadas duas semanas, o DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa), da Polícia Civil, responsável pelos inquéritos a respeito de mortes cometidas por policiais, ainda não começou a investigar o crime.
Segundo a assessoria de imprensa da Secretaria da Segurança Pública (SSP), os policiais que mataram Guilherme afirmam que, durante um patrulhamento pela região, viram o menino, junto com mais três adolescentes, ao lado de dois carros roubados, um Fiat Idea e Corsa Classic, na Rua John Speers.
Na versão dos PMs, ao ver a viatura os jovens fugiram a pé e um deles atirou na direção dos policiais. Em buscas pelas favelas, os policiais encontraram e detiveram dois dos adolescentes. Um deles estaria com a chave do Corsa roubado em um bolso. Em seguida, os PMs encontraram Guilherme caído numa calçada, com uma marca de tiro nas costas. Socorrido no Hospital Santa Marcelina, morreu. Um quarto adolescente continua foragido.
Os policiais não encontraram armas com os adolescentes detidos. Somente na manhã do dia seguinte, os PMs apresentaram uma arma de brinquedo enrolada em uma blusa verde, que teria sido encontrada por um morador do Jardim Helian escondido num arbusto.
Mais tarde, o dono de um Corsa roubado no dia 7 e abandonado num posto de combustível da Avenida Jacu-Pêssego foi até o 53º DP (Parque do Carmo) e disse que tanto a arma de brinquedo como a blusa verde pertenciam aos ladrões que o haviam assaltado. Segundo a SSP, os donos do Fiat Idea e do Corsa Classic reconheceram Guilherme e os outros dois adolescentes como os autores dos roubos. Eles foram encaminhados à Fundação Casa.
Mais de duas semanas após o crime, contudo, a morte de Guilherme ainda não chegou à delegacia correta. Desde 2011, a resolução SSP-45, do governo estadual, ordena que todas as mortes cometidas por policiais na capital e na região metropolitana de São Paulo devem ser “registradas e investigadas exclusivamente pelo DHPP, sem prejuízo das devidas apurações por parte das respectivas Corregedorias”. A morte de Guilherme, contudo, foi registrada e investigada na delegacia do bairro, o 53º DP.
Perguntada a respeito na última quinta-feira (23/9), a assessoria de imprensa da Secretaria de Segurança Pública respondeu apenas que “o delegado encaminhará o inquérito policial para o DHPP”.