Rodrigo Cerqueira, 19 anos, trabalhava em uma barraca quando atingido na operação, feita quando estudantes distribuíam doações
Rodrigo Cerqueira, 19 anos, morreu baleado durante operação da Polícia Militar do governador Wilson Witzel (PSC) no Morro da Providência, centro da cidade do Rio de Janeiro. Ele é a terceira vítima de ações em quatro dias.
O jovem trabalhava em uma barraca quando a ação teve início. Os policiais do 5º Batalhão de Polícia Militar teriam invadido uma ocupação, chamada Elma, que fica no local. Foi quando começaram os disparos.
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Ao mesmo tempo em que Rodrigo trabalhava e teve início o barulho de tiros, estudantes do pré-vestibular Machado de Assis entregava cestas básicas para moradores da região. Seriam distribuídas mais de 50 unidades.
A ação pretendia ajudar pessoas atingidas pela crise financeira causada pelo isolamento social para evitar a propagação do coronavírus. No entanto, foi interrompida.
A morte de Rodrigo tem roteiro similar à de João Vitor da Rocha, 18 anos, baleado e morto em ação da polícia na Cidade de Deus no fim da tarde desta quarta-feira (21/5).
João Vitor morreu pouco depois de sair de casa. Ao mesmo tempo da investida policial, integrantes da Frente Cidade de Deus, movimento criado para ajudar famílias atingidas pela crise do coronavírus, também entregavam doações.
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Antes de Rodrigo e João Vitor, uma ação da Polícia Civil com a Polícia Federal terminou com a morte de João Pedro Mattos Pinto, 14 anos, no Complexo do Salgueiro, em São Gonçalo.
Segundo levantamento do Fogo Cruzado, um adolescente entre 12 e 17 anos foi morto em operações policiais por mês no Rio de Janeiro de janeiro a maio. São cinco mortes até o dia 20 de maio. Por terem mais de 18 anos, João Vitor e Rodrigo não integram esta lista.
O Movimento Favelas na Luta divulgou nota em que condena as operações policiais feitas nos últimos dias pelas polícias do Rio por violar “física e psicologicamente” os moradores e impedir trabalhos sociais.
“Esta estratégia da morte não deve ser mais tolerada por nenhum morador ou moradora de favela e a sociedade de forma geral deve-se levantar contra o estado racista que nos viola cotidianamente”, afirma o documento.
A ativista Buba Aguiar denunciou a morte de Rodrigo em seu perfil na rede social Twitter. “Mais um. Quantos mais têm que morrer?” questionou.
“Precisamos dar os nomes corretos. Ele não morreu, foi morto, executado pelo Estado”, diz Buba, à Ponte, citando propaganda do Ministério da Educação na qual criticava a possibilidade de se perder uma geração em caso de não haver a prova do Enem esse ano.
“Já estamos perdendo. E bem antes de fazer Enem, antes de concluir o ensino médio, antes até mesmo do fundamental. Já estamos perdendo essa geração”, lamenta.
A Ponte questionou a PMERJ sobre a ação no Morro da Providência e aguarda uma resposta.
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