PM planejou roubo de R$ 100 mil em joalheria, segundo Ministério Público

    Defesa de Heli Martins de Almeida Junior, 43 anos, preso desde fevereiro, pediu a liberdade do policial, mas Justiça de SP negou

    A Justiça paulista indeferiu no último dia 22 o pedido de habeas corpus do policial militar Heli Martins de Almeida Junior, 43 anos, acusado de planejar o roubo a uma joalheria na região da Sé, Centro, em fevereiro deste ano.

    O Ministério Público Estadual de SP denunciou o PM no dia 18 de fevereiro (leia íntegra da denúncia). A promotora Monize Flávia Pompeo destaca que Heli, vulgo “Bobe”, seria o mentor do assalto, e uma das armas do crime era de um policial aposentado.

    Segundo investigações da Polícia Civil, o PM planejou com os assaltantes Paulo Ubiratan Silva dos Santos, 30 anos, e Leandro Oliveira Rodrigues, 32 anos, o roubo de R$ 100 mil em espécie de um comércio de ouro na rua Quintino Bocaíuva.

    As investigações apontaram que o PM orientou os ladrões a entrarem no prédio simulando a ida a um consultório dentário para fazer orçamento. A joalheria fica no mesmo condomínio.

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    Paulo e Leandro seguiram as determinações de Heli e entraram no prédio na manhã de 6 de fevereiro. Duas dentistas estavam no consultório e foram rendidas. Uma delas, no entanto, conseguiu escapar e avisou a polícia.

    A dupla abortou o plano, mas foram presos na saída do edifício. Ambos confessaram que pretendiam roubar a joalheria e que o policial militar Heli havia planejado o assalto.

    Ambos disseram ainda que conheciam o policial militar havia oito meses e que tinham planejado ações semelhantes, mas não tiveram êxito. Acrescentaram que sempre trocavam informações com Heli pelo telefone celular. Paulo contou que ganharia um terço do valor do roubo. Leandro entregou seu telefone celular à Polícia Civil para comprovar suas declarações. O PM Heli foi preso em flagrante por colegas de farda. A ação chegou a ser filmada.

    Heli trabalhava em uma base móvel da Polícia Militar na região central da capital paulista. Em depoimento, ele admitiu conhecer Leandro e também ter indicado a ele o endereço de um consultório dentário para que pudesse fazer um orçamento.

    O PM, porém, negou qualquer envolvimento no planejamento do roubo. Ele está recolhido no Presídio Romão Gomes. Os advogados do PM, Mauro da Costa Ribas Júnior e Renato Soares da Costa, entraram na Justiça com pedido de liberdade para Almeida.

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    A desembargadora Ivana David Boriero indeferiu o pedido por entender que “o crime de roubo traz grande intranquilidade à população, colocando em risco a ordem pública, uma vez que há o emprego de violência ou grave ameaça contra as vítimas”.

    Ela observou ainda que “foi verificada a existência de premeditação, preparação e modus operandi dos acusados, além de informações privilegiadas, de forma que a concessão da liminar neste momento se mostra temerária”.

    A reportagem questionou a SSP-SP, através da assessoria de imprensa privada InPress, e a PM sobre qual o posicionamento dos órgãos diante da acusação de envolvimento de um policial com o crime e de que forma estão sendo conduzidas as apurações internas. Até a publicação da reportagem, não havia retorno.

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