Policial aposentado Enéas José da Silva matou a tiros um jovem de 20 anos após discussão na estação Vila Matilde do metrô. Ele já teria atirado antes em via pública em janeiro de 2024

O policial militar aposentado Enéas José da Silva, de 57 anos, preso em flagrante nesta quinta-feira (20) por matar a tiros um jovem de 20 anos na estação Vila Matilde do metrô de São Paulo, já era investigado por supostamente ter atirado em via pública contra uma outra pessoa também após uma discussão.
Enéas passou por audiência de custódia nesta sexta (21/2) e teve a prisão em flagrante convertida em preventiva. Ele está recolhido no Presídio Militar Romão Gomes, em São Paulo.
A existência da apuração prévia contra o sargento reformado da Polícia Militar paulista foi revelada pelo SBT News e confirmada pela Ponte. O caso anterior ocorreu na noite de 30 de janeiro do ano passado, na Avenida das Alamandas, no bairro Cidade Antônio Estêvão de Carvalho, na zona leste de São Paulo.
Tiros após discussão na rua
Na ocasião, Enéas passou a discutir com um homem que desconhecia até então por achar que ele estaria agredindo cachorros de rua, quando, segundo o interlocutor, estava tentando se desvencilhar dos animais após ter sido atacado por eles. O homem relatou à Polícia Civil ter entrado em casa para buscar um cigarro. Ao voltar à rua, Enéas o perseguiu com uma arma de fogo e deu dois disparos.
O homem não foi atingido. Por correr de costas para Enéas, ele apenas ouviu o que pareceram ser os tiros. Uma outra testemunha afirmou à Polícia Civil também ter ouvido os dois disparos, ocasião em que saiu de casa para entender o que ocorria e levou um soco do PM aposentado ao tentar questioná-lo.
Essa mesma testemunha cedeu à investigação na ocasião do registro do boletim de ocorrência um vídeo do ocorrido no qual é possível ouvir dois estampidos. Naquela altura, não ficou claro, no entanto, se indicavam se tratar mesmo de disparos de arma de fogo. A ocorrência foi atendida por três policiais militares, segundo os quais não foram encontradas cápsulas de munições ou vestígios dos tiros no local.
Conduzido ao 24º Distrito Policial naquela ocasião, Enéas optou por permanecer em silêncio. Ele teve apreendidas uma pistola Taurus calibre 9MM e 11 munições. Além disso, entregou um canivete à Polícia Civil, que disse ser do homem com quem discutiu. A investigação do caso ainda está em andamento.

Morte no metrô de SP
No caso mais recente envolvendo o policial reformado, ele também fez uso da arma de fogo após uma discussão. O embate teria se iniciado dentro do vagão. Ao desembarcarem, Enéas e a vítima, Eduardo Rodrigues Machado, seguiram com a briga, quando o sargento aposentado lhe deu dois tiros.
Eduardo era um estudante de marketing e também atleta amador de futsal. A federação paulista da modalidade (FPFS) chegou a emitir uma nota de pesar em razão do assassinato.
A estação Vila Matilde está localizada na Linha 3-Vermelha, operada pela Companhia do Metropolitano de São Paulo (Metrô), sob controle do governo Tarcísio de Freitas (Republicanos). À Ponte, a empresa afirmou ter acionado a PM e o Samu para atender Eduardo. “A ocorrência foi encaminhada à autoridade policial e o Metrô vai colaborar com as investigações”, escreveu em nota.
Enéas chegou a ser levado do metrô à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da Vila Carrão, por alegar estar com dores. Depois disso, ele foi submetido a exame de corpo de delito e acabou preso em flagrante por homicídio.
A reportagem tentou contato com a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP), mas não obteve retorno até esta publicação.