Filha de comerciante da região conta que policiais jogaram o pai dela contra uma árvore; SSP afirma que polícia foi ao local para conter tentativa de saque a um supermercado
“Ontem, por volta das 21h recebi uma ligação do meu irmão aos prantos. Motivo: ele e meu pai haviam sido agredidos pela polícia”. O desabafo de Camilla Ramos foi postado nas redes sociais na terça-feira (29/5) e rapidamente viralizou. “Não imaginei que fosse dar essa repercussão. Até fechei o post apenas para amigos”, disse Camilla à Ponte. Segundo ela, na segunda-feira (28/5), na Avenida Poney Club, em São Bernardo do Campo, Grande São Paulo, um grupo de pessoas se manifestava por causa da greve dos caminhoneiros. A Polícia Militar foi acionada e, ao chegar, reprimiu o grupo com violência.
Camilla conta que o pai tem um comércio nas imediações da avenida e que tudo aconteceu no meio da tarde de segunda-feira (28/5). O local fica relativamente próximo do trecho urbano da Rodovia dos Imigrantes, onde caminhoneiros mantinham a paralisação. Um grupo de manifestantes em apoio à greve se concentrou nas imediações da avenida, quando a PM chegou e para dispersar o grupo lançou bombas de efeito moral e disparou balas de borracha, como mostram as gravações feitas por moradores da região.
A Ponte questionou a Secretaria da Segurança Pública sobre a ação da polícia. A pasta não reconheceu qualquer ação no bairro na segunda-feira (28/5). Em nota, disse que a PM foi chamada na noite de terça-feira (29/5) para conter um tumulto iniciado por moradores das comunidades Jardim das Orquídeas e Bandeirantes, que ameaçavam saquear um mercado, em São Bernardo. “Foi preciso uso de equipamentos de menor potencial ofensivo, para dispersar os moradores. Após a ação, um policial que estava em apoio próximo à entrada do bairro, foi atingido por um disparo de arma de fogo. Ele foi socorrido ao Hospital de São Bernardo, onde permaneceu internado. A ocorrência foi registrada pelo 3º DP de São Bernardo do Campo e será investigada pelo 8º DP, responsável pela área. A PM acrescenta que possíveis irregularidades nas condutas dos policiais devem ser relatadas à Corregedoria para que as denúncias sejam devidamente investigadas”, diz a nota.