Três militantes anti-fascistas foram detidos e responderão por rixa e lesão corporal. Ato foi marcado por discurso ininteligível em inglês e uma apresentação de um Michael Jackson cover “contra o racismo e homofobia”
Ato em apoio ao candidato republicano à Presidência dos Estados Unidos, Donald Trump, neste sábado (29/10), na avenida Paulista, zona central de São Paulo (SP), terminou com repressão da PM a manifestantes de grupos anti-fascistas que foram protestar contra o ato.
Organizada pelo grupo “Juntos pelo Brasil”, os cerca de 30 manifestantes pró-Trump e “contra a Dilma americana” reuniram-se em frente ao banco estadunidense Citibank, portando cartazes com dizeres “Brazilians for Trump”. Um dos participantes, usando terno, um boné vermelho e óculos escuros, tentou ler um discurso (ininteligível) em inglês.
Manifestantes que se declaravam anti-fascistas foram protestar contra o ato em apoio a Trump, com palavras de ordem como “Ei, camarada, você é uma piada”. Houve confronto entre os grupos pró e anti-Trump, e a polícia agrediu violentamente manifestantes anti-fascistas.
A reportagem da Ponte Jornalismo presenciou o momento em que um dos participantes do ato pró-Trump apontou à polícia um manifestante que teria cometido uma agressão. Cinco policiais cercaram o manifestante e o jogaram no chão. No momento da violência, um dos policiais colocou a mão em sua identificação, para que o repórter não filmasse seu nome.
Um cover de Michael Jackson também deu as caras na manifestação. Dançou, cantou na frente de policiais e se disse um Michael “contra o racismo e a homofobia”.
Três manifestantes foram detidos, encaminhados ao 78 DP e responderão pelos crimes de lesão corporal e rixa. No momento da prisão, o tenente Markus disse à reportagem que cinco manifestantes pro-Trump também haviam sido detidos, mas depois foi apurado que os cinco foram ao local como testemunhas.
“O que vemos é o recrudescimento na repressão às manifestações e cerceamento do direito e liberdade de pensamento. Pessoas foram presas sem saber o porquê, e correm o risco de responderem a um processo criminal”, disse Augusto Pessin, advogado dos detidos. “Eles estavam em uma manifestação pacífica, vieram ao DP, suas testemunhas não foram ouvidas e saíram obrigados a comparecer perante um juiz”.
Procurada, a Secretaria de Segurança Pública não se manifestou até a publicação da reportagem.
Com a colaboração de: Rogério de Santos e Tatiana Merlino
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