PM suspeito de participar da morte de Guilherme é preso

    Adriano Fernandes de Campos ingressou na PM paulista em 1999 e já respondeu por outros homicídios; ele é um dos suspeitos de matar Guilherme Guedes, 15 anos

    PM Adriano Fernandes de Campos, 41 anos, é suspeito de participar da morte de Guilherme | Foto: reprodução

    O sargento da PM paulista Adriano Fernandes de Campos, 41 anos, foi preso na noite desta quarta-feira (17/6) suspeito de participar do assassinato do estudante negro Guilherme Guedes, 15 anos. O adolescente foi sequestrado na Vila Clara, zona sul da cidade de São Paulo, e encontrado morto em Diadema, Grande São Paulo. Adriano está no Presídio Militar Romão Gomes, na zona norte de São Paulo.

    O Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa, que encabeça as investigações, pediu a prisão temporária ( por 30 dias, podendo ser prorrogável) nesta quarta-feira e a Justiça acatou. A Corregedoria da PM acompanha as investigações junto ao DHPP.

    O sargento Adriano ingressou na PM paulista em 9 de agosto de 1999 e já respondeu por 6 homicídios, todos na Justiça comum. O último caso, de 2014, foi arquivado. Adriano integra o Batalhão de Operações Especiais da PM, o Baep, de São Bernardo do Campo.

    A prisão foi um pedido do delegado Fábio Pinheiro, responsável pela investigação. A promotora Luciana Jordão Dias remeteu o pedido ao 1º Tribunal do Júri da Capital, que determinou a prisão.

    No pedido do Ministério Público, há confirmação da informação de que a família tem se sentido ameaçada. “A prisão é imprescindível às investigações do gravíssimo crime praticado, para a realização de interrogatório e apuração de outras testemunhas, que não se apresentam em razão do medo apresentado de represálias. Referido medo é reforçado pela presença de policiais militares próximos da residência da vítima logo após o homicídio”, escreveu a promotora.

    “Até então, para nós, o autor do crime é o Adriano e mais um segundo”, definiu Pinheiro. O policial civil explica que há mais um suspeito pelo crime, ainda não identificado. O carro do filho de Adriano foi visto pelo sistema Detecta trafegando pelo local bem próximo da hora do desparecimento de Guilherme.

    Leia também: Mesmo proibido, PM investigado por morte de Guilherme tem empresa que faz segurança particular

    No local onde Guilherme foi sequestrado, um pedaço de tecido com a inscrição “SD PM Paulo” foi encontrado. Segundo o delegado, o homem foi ouvido, liberado e qualquer possível participação descartada, porque apresentou um “forte álibi”. A promotoria destaca no pedido de prisão que policiais estiveram na casa da família de Guilherme “exigindo a entrega de tarjeta de identificação de PM localizada por familiares da vítima”.

    Para o pedido de prisão, o departamento se baseou em imagens de câmera de segurança em que dois homens aparecem no beco ao lado da casa de Guilherme no dia de seu sequestro e morte. Um deles seria Adriano, conforme explicou o delegado.

    Até o momento, a linha principal da investigação sobre o que motivou o crime seria uma suposta tentativa de furto de um galpão na região da Vila Clara, cuja segurança era feita pela empresa de propriedade do policial militar.

    Adriano e o pai dele, PM aposentado, Sebastião Campos, têm juntos uma empresa chamada Campos Forte Portaria Ldta. Conforme revelou reportagem exclusiva da Ponte, a empresa tem como registro as atividade de zeladoria e limpeza, além de outros serviços administrativos, mas não tem permissão para realizar segurança privada. Além disso, o regulamento interno da PM paulista proíbe que policiais da ativa tenham empresa com esse fim.

    A reportagem procurou nesta quarta-feira a empresa de Adriano para tentar saber se ele queria se pronunciar sobre o caso, mas não conseguiu contato até o momento. A última nota enviada pela Secretaria de Segurança Pública de São Paulo sobre o caso não confirmava que havia um PM sendo investigado pelo crime e dizia apenas que tudo estava sendo apurado.

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