O soldado Luis Paulo Izidoro, responsável pela morte de Brian, 22 anos, disse não ter acionado gatilho de sua pistola .40
O policial militar Luis Paulo Izidoro, responsável pela morte do estudante Brian Cristian Bueno da Silva, de apenas 22 anos, foi transformado em réu pelo Tribunal de Justiça de São Paulo.
O militar matou Brian com um tiro no pescoço, em 8 de junho deste ano, em Ourinhos (distante 374 km da capital de São Paulo), quando o rapaz colocou a mão para fora do carro em que estava com um grupo de amigos e derrubou um cone de sinalização de trânsito.
Ao lado dos quatro amigos, Brian, morador de Santa Cruz do Rio Pardo (distante 32 km de Ourinhos), deixava a Fapi (Feira Agropecuária e Industrial), a bordo de um veículo Logus, e mexeu no cone que dividia a avenida Jacinto Ferreira de Sá.
Vídeo revela momento em que jovem é morto por PM após derrubar cone de trânsito
Abordado pela PM por derrubar cone, jovem de 22 anos é morto com tiro no pescoço
Ao perceber o sinalizador no chão, o também PM cabo Francisnei Molina Leite, sinalizando com uma lanterna, deu ordem para que o Logus parasse, o que foi obedecido pelo amigo de Brian que estava ao volante.
Com o Logus parado, o cabo Molina foi até Brian, que estava no dianteiro do passageiro, e conversou rapidamente com o jovem. Ao perceber Molina perto de Brian, ainda sentado, o militar Luis Paulo Izidoro caminhou na direção do carro, chegou perto da janela e puxou Brian pela camiseta, ao mesmo tempo em que empunhava sua pistola .40 na mão direita.
Foi nesse momento em que Izidoro atirou contra o pescoço de Brian. “De forma desnecessária e arbitrária”, segundo o promotor Silvio da Silva Brandini, responsável por denunciar o PM à Justiça por homicídio duplamente qualificado (motivo fútil e sem chance de defesa para a vítima). O tiro atravessou o cinto de segurança que envolvia Brian, entrou pela clavícula direita dele e saiu pela axila esquerda.
“Luis Paulo [Izidoro] agiu por motivo fútil, uma vez que matou a vítima em razão da mesma ter mexido em um cone de sinalização. Da mesma forma, Luis Paulo agiu mediante recurso que impossibilitou a defesa da vítima, pois Brian não teve tempo de ter qualquer reação a abordagem policial”, escreveu o promotor Brandini.
O promotor Brandini também pediu a decretação da prisão preventiva (até o julgamento) do PM Izidoro, mas o Tribunal de Justiça de São Paulo não aceitou manda-lo novamente para o Presídio Militar Romão Gomes, no Jardim Tremembé (zona norte de São Paulo), onde ele ficou dois dias após a morte de Brian.
“Não apertei o gatilho”, diz PM
Quando foi detido pela morte de Brian, o PM Izidoro disse “ter visto os ocupantes de um Logus fazendo vandalismo com os cones de sinalização da via” e que, ao aproximar para ajudar o cabo Molina na abordagem contra os cinco jovens que estavam no carro, “o indivíduo que estava no banco do passageiro [Brian] fez um movimento brusco com os braços”.
“Como medida de segurança”, disse o PM Izidoro, ele se afastou e, nesse momento, “ouviu um disparo de arma de fogo, sendo que logo percebeu que tal disparo havia sido efetuado por sua arma, porém, em nenhum momento apertou o gatilho”.