Vídeo mostra policial quebrando braço de advogado Geovani Doratiotto enquanto era imobilizado dentro de delegacia de Atibaia, no interior de SP; Polícia Militar diz que vai investigar o caso
Um vídeo veiculado nas redes sociais nesta segunda-feira (4/3) mostra policiais militares quebrando o braço do advogado e presidente do diretório do PT de Atibaia Geovani Leonardo Doratiotto da Silva dentro de uma delegacia da cidade, no interior paulista. Segundo o ouvidor das polícias, Benedito Mariano, houve “nítido excesso” e os agentes foram afastados após informar o caso à corregedoria.
De acordo com relato no perfil do Facebook da namorada do advogado, o casal foi conduzido ao distrito policial ontem após Geovani ter sido agredido por apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PSL) por usar uma camiseta escrita “Lula Livre” durante uma ação contra assédio no carnaval. “Fomos xingados e ofendidos da maneira mais raivosa possível, quando viramos para ir embora um deles deu um murro no olho do Geovani e os outros pularam em cima dele da maneira mais covarde segurando o cabelo dele pressionando o rosto contra o chão, chutes na cabeça e nas costelas, dois seguravam e outros batiam”, escreveu.
A jovem afirma que o advogado foi algemado. “Quando aleguei que ele era diabético e que as extremidades estavam machucadas e arroxeadas, eles então soltaram”, conta. “Quando questionamos o motivo dele ter sido algemado e os agressores estarem soltos do lado de fora, o policial disse que toda aquela agressão era pouca”.
Nas imagens, o policial afirma que vai algemá-lo novamente. Geovani, já sem algemas, questiona o PM dizendo “E você vai fazer o quê depois de me algemar?”. No momento, o policial fala que “algemar é pouco” e logo em seguida ele e outros agentes imobilizam o dirigente e um deles puxa o braço de Geovani. No vídeo é possível ouvir um estralo. Ele é colocado numa sala e grita “você quebrou meu braço”. O PM fecha a porta.
Segundo o relato da namorada do rapaz, ele quebrou “úmero e perdeu o movimento dos dedos”. “Do lado de fora eu vi policiais nitidamente defendendo as agressões direcionadas ao Geovani pelo simples fato do meu companheiro vestir uma camiseta do Lula”, relata no texto.
A reportagem procurou Geovani, mas não teve resposta.
À Ponte, o ouvidor Benedito Mariano disse que encaminhou as imagens à Corregedoria para ser instaurado procedimento investigatório. “Houve nítido excesso na agressão e é inadmissível um policial agir dessa forma por questões políticas, se for comprovada a motivação”, disse. Mariano também informou que entrou em contato com a vítima para que ela vá a ouvidoria prestar depoimento na quarta-feira (6/3) e passar por exame de corpo de delito.
Procurada, a In Press, assessoria terceirizada da Secretaria de Segurança Pública, declarou que a Polícia Militar instaurou inquérito para apurar o caso e que Geovani foi conduzido à delegacia “após agredir pessoas na praça de Atibaia, no domingo”.
*A pasta confirmou que os agentes foram afastados de suas funções até a conclusão do inquérito.
*Reportagem atualizada às 19h32, de 4/3/2019, após confirmação da SSP