Ação dos PMs Jorge Inocêncio Brunetto e Sidney João do Nascimento terminou com a morte de Frank Ligiere Sons, em 2010, apontado pela polícia como integrante do PCC
A Justiça de São Paulo decidiu levar a júri popular os PMs Jorge Inocêncio Brunetto e Sidney João do Nascimento pelo assassinato de Frank Ligiere Sons. O crime aconteceu em 1º de agosto de 2010, na rua João Teodoro, bairro da Luz, região central de São Paulo. Esse é o endereço do quartel da Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiiar), a tropa de elite e a mais letal da Polícia Militar. Sons foi acusado de ter atacado o quartel da Rota com uma pistola ponto 40 e um coquetel Molotov. Os dois policiais militares alegaram à época que trocaram tiros com Sons e que ele morreu no revide.
Peritos do Instituto de Criminalística constataram, no entanto, que Sons levou ao menos um tiro pelas costas. Exames residuográficos revelaram que nas mãos dele não havia sinais de pólvora. A Polícia de São Paulo chegou a apontar Sons como terrorista e integrante do PCC (Primeiro Comando da Capital). A SAP (Secretaria Estadual da Administração Penitenciária) negou essa versão ao informar que Sons havia sido preso por roubos e estupro e que não pertencia a nenhuma facção criminosa.
No dia 13 de dezembro do ano passado, a juíza Alessandra Teixeira Miguel decidiu pronunciar (levar a júri) os dois policiais militares. Segundo a juíza, os indícios apresentados na fase judicial do processo apontam que os réus foram os autores do delito descrito na denúncia oferecida pelo Ministério Público. Na época do crime, o sargento Brunetto e o soldado Nascimento eram lotados na Rota e faziam a guarda do quartel. Tempos depois do crime, ambos foram transferidos da Rota para outra unidade da PM. Por decisão judicial, ambos vão continuar respondendo ao processo em liberdade.
O assassinato de Sons aconteceu dezesseis horas depois de um suposto atentado contra o então tenente-coronel Paulo Telhada, à época comandante da Rota e hoje deputado estadual pelo PP-SP. O assaltante Fábio Santos de Oliveira, o Gordex, integrante do PCC, foi acusado de ser o autor do suposto atentado contra Telhada. Gordex foi assassinado pelos PMs da Rota Fábio da Veiga Cabral e Rubens da Silva, em Itaquera, zona leste, em setembro de 2010.
Os PMs também alegaram que houve tiroteio. Gordex morreu em frente ao condomínio onde morava. Policiais militares foram acusados de sumir com as fitas do circuito de segurança do prédio que gravou as imagens. O porteiro do condomínio, Gilmar Gomes Rodrigues, disse em juízo que um rapaz trajando roupas civis se apresentou no edifício como PM da Rota e indagou sobre a possibilidade de acessar as imagens das câmeras. A síndica do prédio Priscila Machado Oliveira afirmou que foi pressionada por PMs a fornecer as imagens, mas se recusou, alegando que só faria mediante ordem judicial.
Já o subsíndico Umberto Ferreira dos Santos declarou que entregou o equipamento para PMs que lhe apresentaram um mandado. A fita foi entregue posteriormente à Polícia Civil, mas sem as imagens gravadas. Os policiais militares Veiga e Silva também foram pronunciados pela Justiça pelo assassinato de Gordex.