Delegados de Presidente Prudente alegam que há indícios de que os criminosos continuam praticando crimes de dentro de presídio de segurança máxima. Ponte apurou que autoridades do sistema prisional são contra a remoção
A Polícia Civil de São Paulo defende a transferência de 12 presos acusados de liderar a facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital) para presídios federais.
O pedido de remoção dos detentos foi feito no dia 9 de dezembro de 2016 por 10 delegados da Polícia Civil de Presidente Prudente, responsáveis pelas investigações da Operação Ethos.
Os 12 presos cumprem castigo em RDD (Regime Disciplinar Diferenciado) no CRP (Centro de Readaptação Penitenciária) de Presidente Bernardes.
Eles foram investigados na Operação Ethos, desencadeada em novembro último, e são acusados de integrar uma espécie de Conselho Deliberativo do PCC.
O MPE (Ministério Público Estadual) se manifestou favorável à remoção dos presidiários, mas em seu parecer observou que a SAP (Secretaria Estadual da Administração Penitenciária) deve ser ouvida previamente sobre o assunto.
A Ponte Jornalismo apurou, no entanto, que a SAP é contra as transferências dos 12 presos para prisões federais por entender que o CRP de Presidente Bernardes é uma unidade de segurança máxima e tem todas as condições de mantê-los isolados.
Na lista dos presidiários que a Polícia Civil pediu a remoção para unidades federais está Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola, apontado pelo MPE como líder máximo do PCC.
Outros nomes que constam na relação são o de Paulo Cezar Souza Nascimento Júnior, o Paulinho Neblina, e Daniel Vinícius Canônico, o Cego, considerados pelo MPE como homens do primeiro escalão do PCC.
No pedido de transferência encaminhado à Corregedoria do Departamento Estadual de Execuções Criminais de Presidente Prudente, os delegados que assinam o documento fazem a seguinte alegação:
“Existem indícios suficientes de que os acusados integram organização criminosa e, mesmo detidos algumas vezes em RDD no Estado, continuam a praticar crimes”.
Embora a SAP se manifeste contrária à transferência dos 12 presos para unidades prisionais de outros estados, a própria Pasta já removeu líderes do PCC para presídios federais.
Um deles é Roberto Soriano, o Betinho Tiriça, acusado de mandar matar policiais militares em São Paulo em 2012, durante uma guerra de PMs da Rota com o PCC.
Tiriça foi transferido para o Presídio Federal de Porto Velho, em Rondônia, em 2012. Ele já passou pelo Presídio federal de Mossoró , no Rio Grande do Norte, e agora está no Presídio Federal de Catanduvas, no Paraná.
O outro líder do PCC removido pela SAP para unidade federal é Abel Pacheco de Andrade, o Vida Loka. Ele é um dos envolvidos na Operação Ethos.
Vida Loka foi removido no ano passado para o Presídio Federal de Porto Velho. Motivo: teria ordenado a morte de presos rivais no CDP (Centro de Detenção Provisória) de Taubaté.
Um dos fundadores do PCC, José Márcio Felício, o Geleião, também foi transferido pela SAP no ano passado.
Ele cumpre pena no Presídio Federal de Campo Grande, no Mato Grosso do Sul. Geleião foi excluído do PCC em 2002, após brigas internas.