Policiais ‘sequestram’ irmão de suspeito de matar PM em bar de SP e depois de horas chegam à delegacia

    Soldado Fábio Júnior Lisboa foi morto com dois tiros em assalto no Jardim Ângela; segundo testemunhas, no dia seguinte, a PM pegou irmão de um dos suspeitos e ficou horas andando com o jovem dentro da viatura antes de levá-lo para a delegacia, onde ocorrência foi registrada

    O soldado Fábio Júnior Lisboa estava de folga e foi morto ao reagir a um assalto | Foto: reprodução

    Um assalto em um bar no Jardim Ângela, zona sul de São Paulo, terminou com a morte de um policial militar que estava no local, de folga, e reagiu. Na última terça-feira (16/7), o soldado Fábio Júnior Lisboa, 33 anos, morreu ao ser atingido por dois tiros nas costas. Os quatro suspeitos fugiram do local.

    No dia seguinte, um jovem foi pego pela PM-SP (Polícia Militar do Estado de São Paulo) e passou o dia sem ser visto ou dar notícias para a família. No fim da tarde da quarta-feira (17/7), Jonas Victor Pinto Silva apareceu e uma ocorrência foi aberta na 92ª Delegacia de Polícia, localizada no Parque Santo Antônio, zona sul de SP. O irmão de Jonas, Jonatan, é um dos suspeitos de participar do assalto.

    Segundo informações apuradas pela Ponte, o jovem é irmão de um dos suspeitos de realizar o assalto. Depois de ser pego pelos policiais, Jonas ficou o dia todo rodando com eles na viatura. Na quinta-feira (18/7), a Justiça mandou soltar Jonas e decretou a prisão de Jonatan.

    Dois áudios recebidos pela reportagem mostram preocupação de moradores da região com o acontecido. “Eles pegaram o irmão de um daqueles que está lá, pegaram ele e estão andando com ele por aí e ninguém acha esse menino. A gente tá com medo de mataram esse menino, porque falaram que só vão soltar ele, quando um daqueles da cena do assalto aparecer”, detalha uma moradora.

    “Esse aí não tava no assalto, a polícia pegou ele e ficou andando com ele por vários lugares até levar para delegacia. Os policiais estão tentando induzir as vítimas para falar que foi ele, mas ele não estava no assalto. Nesse assalto que o polícia morreu ele não estava”, continua.

    Questionada sobre o conteúdo da ocorrência registrada contra Jonas, em nota enviada à Ponte, a PM-SP (Polícia Militar do Estado de São Paulo) “esclarece que policiais que atuam no bairro Jardim Ângela, Zona Sul de São Paulo, receberam uma denúncia de que um dos quatro indivíduos envolvidos no crime ocorrido no interior do estabelecimento comercial, em 16 de julho de 2019, que resultou na morte de um policial militar, estaria na Rua Nuno Marques Pereira nº 338, Jardim Ângela”, diz nota.

    “Em posse das informações fornecidas por testemunhas do crime, e ao tomarem conhecimento da denúncia, os policiais militares foram ao local indicado e abordaram o civil Jonas defronte a sua residência, na presença de testemunhas e familiares, sendo que daquele local foi diretamente conduzido ao 92º Distrito Policial para prestar esclarecimentos à autoridade de Polícia Judiciária”, conclui a PM.

    Já a SSP (Secretaria de Segurança Pública), também em nota, explica que o caso é investigado pelo 92º DP por meio de inquérito policial. “Um suspeito de participação no crime foi levado à delegacia, mas teve o pedido de prisão temporária negado pela Justiça. Um segundo autor foi identificado. A Justiça concedeu o pedido de prisão temporária para o homem, que está foragido. As investigações seguem para localizá-lo, assim como para prender os demais envolvidos”, diz nota da SSP.

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