Guilherme Derrite, que está afastado das ruas há dois anos, lamenta a transferência do tenente Rafael Telhada, que deixa a Rota, e diz que é uma vergonha agentes não terem envolvimento em pelo menos 3 mortes durante 5 anos. Segurança Pública e Comando-Geral da PM não se manifestaram sobre reclamações de oficial da Rota
O 1º tenente da Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar) Guilherme Derrite, “padrinho de braçal” de Rafael Telhada, filho do deputado estadual Coronel Telhada (PSDB) e também 1º tenente da considerada tropa de elite da Polícia Militar do Estado de São Paulo, afirmou em um áudio, obtido com exclusividade pela Ponte Jornalismo, que “é vergonhoso” um policial não ter participação em pelo menos três mortes durante cinco anos. O comando da corporação transferiu policiais envolvidos em pelo menos três mortes de 2010 para cá.
A gravação, feita neste domingo (5/07), foi divulgada em grupos do WhatsApp restrito a policiais militares. “A polícia tá, como sempre, né, querendo reduzir a letalidade policial. Então, os tenentes, principalmente os oficiais, mas sargentos, cabos e soldados que nos últimos cinco anos se envolveram em três ocorrências ou mais, que tenham resultado evento morte do criminoso, eles tão sendo movimentados”, explicou Derrite.
Procuradas no domingo (5) e nesta segunda-feira (6), a SSP (Secretaria da Segurança Pública) e a Polícia Militar do Estado de São Paulo não se pronunciaram até a conclusão desta reportagem. As duas instituições não informaram quantas pessoas Rafael Telhada e Guilherme Derrite mataram. Um pedido de entrevista com os policiais foi enviado, mas a solicitação também não foi atendida.
O áudio foi motivado pela transferência do tenente Telhada da Rota para o 2º Batalhão do Choque da PM. “E o Telhada se encaixa nessa lista aí [envolvimento em mais de três mortes nos últimos cinco anos]. Até eu, que tô fora da rua há dois anos, me encaixo. Porque pro camarada trabalhar cinco anos na rua e não ter ma… três ocorrências, na minha opinião, é vergonhoso, né. Mas é a minha opinião, né”, afirmou.
“Quem vai pra cima, quem combate o crime, no Estado de São Paulo, onde o ladrão tá estourando caixa eletrônico toda madrugada, atirando em polícia… Mas esse daí é o reconhecimento que a gente tem por parte da nossa instituição. Esse é o grande reconhecimento. Tomar um pé na bunda”, justifica o 1º tenente da Rota. Sobre a transferência de Telhada, ele diz: “É meu amigo, é meu irmão, é meu afilhado de braçal. A gente fica triste, né. E principalmente por tudo o que o pai dele fez e continua fazendo pela Polícia Militar”.
Guilherme Derrite termina a gravação dizendo que “a frase é a seguinte: uma vez Rota, sempre Rota. Onde ele tiver, ele vai ser o tenente Telhada e vai desempenhar tudo o que ele for fazer de maneira sempre acima da média e excepcional, que ele é o cara.” Ouça o áudio gravado pelo 1º tenente da Rota Guilherme Derrite, neste domingo (5), clicando aqui.
O ouvidor da Polícia de São Paulo, Julio Cesar Neves, afirmou à Ponte que vai oficializar o caso ao Comando da Polícia Militar e ao secretário da Segurança Pública, Alexandre de Moraes.
“O que ele falou cabe, no mínimo, uma repreensão disciplinar. No mínimo do mínimo. Isso não condiz em nada com a conduta da PM. Vergonhoso é a gente ouvir isso de um tenente da Rota. Vergonhoso é um cidadão ouvir uma frase dessa”, disse o ouvidor da Polícia de São Paulo.
[…] o Capitão Derrite (PP), deputado federal por SP. Enquanto tenente, ele declarou ser uma “vergonha” um policial militar não se envolver com pelo menos três ocorrê… em cinco anos. Posteriormente ele foi promovido a um cargo de […]