Ponte 11 anos: evento em SP celebra trajetória de luta

Festival realizado no Sesc Vila Mariana no último sábado (29/3) debateu racismo, punitivismo e impacto do jornalismo de causas. Programação contou também com intervenções de poesia slam e apresentação de grupo de samba

Equipe da Ponte Jornalismo. Na ordem: Paulo Batistella, Daniel Arroyo, Catarina Duarte, Jéssica Santos, Antonio Junião e IvanMarsiglia
Parte da equipe da Ponte Jornalismo. Na ordem: Paulo Batistella, Daniel Arroyo, Catarina Duarte, Jéssica Santos, Antonio Junião e Ivan Marsiglia | Foto: Sérgio Silva/Divulgação

Um festival neste sábado (29/3) marcou os 11 anos de existência da Ponte Jornalismo. O evento, realizado no Sesc Vila Mariana, em São Paulo, contou com dois painéis temáticos que discutiram o punitivismo jornalístico e o impacto do jornalismo de causas no fortalecimento da democracia. A programação trouxe também apresentações do artista Akins Kintê e do grupo Pagode na Lata.

A Ponte é uma organização sem fins lucrativos criada para ampliar o debate sobre os direitos humanos por meio do jornalismo. O veículo tem como objetivo aumentar o alcance das vozes marginalizadas pelas opressões de classe, raça e gênero, permitindo a aproximação entre diferentes atores das áreas de segurança pública e justiça — colaborando, assim, no aperfeiçoamento da democracia brasileira.

Leia mais: ‘Conquista coletiva’: Miriam Duarte é homenageada por 27 anos de luta por famílias de presos

O festival no Sesc Vila Mariana contou com a presença da equipe da Ponte: os co-fundadores Antonio Junião e Maria Elisa Muntaner, a editora de relacionamento Jéssica Santos, o editor Ivan Marsiglia, o fotógrafo Daniel Arroyo e os repórteres Catarina Duarte e Paulo Batistella. O time é composto ainda pela analista de mídia Thais Santos. 

Painel sobre punitivismo no jornalismo foi mediado pela repórter da Ponte Catarina Duarte, com a presença de Railda Alves e Nathália Oliveira | Foto: Sérgio Silva/Divulgação

“São 11 anos que a gente vem fazendo denúncias, 11 anos dialogando com grupos diferentes da sociedade civil para pensar soluções em conjunto para esses problemas que envolvem o campo da segurança pública e que vitima principalmente a população preta, pobre e periférica”, diz Antonio Junião, diretor de sustentabilidade e projetos especiais da Ponte

O festival foi descrito por Junião como um momento importante de reflexão não só para a equipe, mas para os leitores e parceiros. “Uma coisa que a professora Rosane Borges falou no evento e achei sensacional é que construção coletiva envolve coletividade, e se nós não apostarmos na coletividade, não só para resolver problemas, mas para pensar modos de pensar o futuro, pensar o futuro de maneira coletiva, a gente está enrolado”, afirma. 

Jornalismo e democracia em foco

Os painéis tiveram como temas o “Punitivismo jornalístico e midiático: o que raça, gênero, classe e território têm a ver com isso” e “Ponte 10 anos: narrativas e impactos do jornalismo de causas no fortalecimento da democracia”.

Jéssica Santos, diretora de relacionamento da Ponte, conversou com a professora Rosane Borges e com a ativista Débora Silva sobre jornalismo de causas

A discussão sobre o punitivismo jornalístico tratou da forma como os crimes são noticiados pela grande imprensa, muitas vezes contando histórias a partir de um só ponto de vista: o dos policiais. 

Participaram da conversa Railda Alves, co-fundadora da Associação de Amigos e Familiares de Presos (Amparar) e conselheira do Conselho da Pessoa Humana (Condepe), e Nathalia Oliveira, co-fundadora da Iniciativa Negra Por Uma Nova Política de Drogas e conselheira no Conselho Nacional de Políticas sobre Drogas, onde coordena a Comissão de Leis, Normas e Relações Institucionais.

No painel que discutiu o impacto do jornalismo de causas, Débora Silva, liderança do Movimento Independente das Mães de Maio, e Rosane Borges, jornalista, escritora e doutora em Ciências da Comunicação, falaram sobre as vantagens dos movimentos sociais estarem próximos das redações e do impacto gerado a partir disso.

Akins Kintê recitou poesias durante o festival Ponte 11 anos | Foto: Sérgio Silva/Divulgação

Apresentações artísticas

O artista Akins Kintê fez duas intervenções ao longo da programação. Ele apresentou versos de poesia slam que tratavam de racismo e violência policial.

“Tá aqui o documento. Eu atento em choque, o peito em pinote, o guardinha bravo com a quadrada na minha cara. Se dispara, lógico que mata. Pra molecote preto não existe tiro pela culatra”, declamou Akins. 

Apoie a Ponte!

O encerramento do festival foi feito pelo grupo Pagode na Lata, que trabalha com geração de renda e redução de danos na área da Cracolândia, e apresentou sucessos do samba e do pagode dos anos 1990 e 2000. 

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