Ponte vence I Prêmio Nacional de Jornalismo do Judiciário

Reportagem sobre abordagens policiais foi premiada no eixo Superior Tribunal de Justiça, categoria jornalismo escrito; “isso mostra que nosso trabalho tem impacto e relevância”, diz Jeniffer Mendonça, autora da matéria

O ministro do STJ Humerto Martins entrega prêmio à repórter Jeniffer Mendonça, da Ponte Jornalismo | Foto: Gustavo Lima/STJ

É com a maior alegria do mundo que venho aqui bradar aos quatro cantos do mundo: fomos premiados! A Ponte venceu na noite desta quarta-feira (25/4) a primeira edição do Prêmio Nacional de Jornalismo do Judiciário no eixo Superior Tribunal de Justiça (STJ), categoria jornalismo escrito, com a reportagem “Em 17 anos a PM de SP enquadrou o equivalente a toda a população brasileira“, assinada pela repórter Jeniffer Mendonça.

Uma das poucas mídias independentes a ser agraciada na cerimônia, o prêmio vem coroar o reconhecimento de um trabalho que já acumula uma década de denúncias e jornalismo investigativo focado em direitos humanos e combate à violência de Estado. “A Ponte ser reconhecida como veículo independente pela cúpula do Judiciário mostra que nosso trabalho tem impacto, relevância e é lido por outras pessoas”, afirma Jeniffer Mendonça, que foi à Brasília sem saber se venceríamos, mas já está de volta a São Paulo com o caneco nas mãos.

“É um tipo de ambiente que não estou acostumada a pisar. É um certo deslumbramento com a estrutura, porque estamos acostumados a pisar em lugares que têm pouco acesso da atuação do poder público – quando há ‘poder público’ nessa áreas, estamos falando de polícia, que é a única forma de o Estado estar presente nas comunidades onde vamos, favelas, bairros mais empobrecidos”, conta a repórter sobre a cerimônia, que teve com a presença do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, da presidente do STJ, ministra Maria Thereza de Assis Moura; a vice-presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministra Cármen Lúcia; o presidente do Tribunal Superior do Trabalho (TST), ministro Lelio Bentes Corrêa; e o presidente do Superior Tribunal Militar (STM), ministro tenente-brigadeiro do ar Francisco Joseli Parente Camelo.

“A premiação foca nos tribunais superiores como garantidores de direitos fundamentais, até porque se está comemorando 35 anos da promulgação da Constituição Federal de 1988, e na reportagem que eu trouxe a gente destaca as decisões do STJ, antes dessa mais recente do STF, de tentar trazer elementos que façam com que as abordagens da polícia não sejam discriminatórias”, explica Jeniffer.

Contando mais sobre a importância da reportagem, a jornalista afirma que “a falta de regulação sobre a ‘fundada suspeita’ gera esse tipo de comportamento da polícia, que tem toda uma estrutura e um ensino para, com diz a famosa frase do coronel Araújo da Rota, ‘se tratar as pessoas de uma maneira do Jardins e de outra na periferia’. As abordagens são vistas como um trabalho produtivo da polícia, considerado positivo. Se a gente compara com prisões em flagrante, que nem sempre são decorrentes de abordagem, o número é muito ínfimo, não chega a 1% do total de abordagens. Por que se abordar as mesmas pessoas de sempre, negras pobres e periféricas, é considerado algo positivo para o Estado?”.

Se você quiser saber mais sobre os bastidores de como nossa reportagem campeã foi feita e sobre a premiação, já adianto que vale ficar de olho e assinar nossa newsletter, que vai contar com um artigo exclusivo da Jeniffer neste sábado (27/4) detalhando o evento.

Para saber mais sobre os outros ganhadores, clique aqui para conferir a lista principal no site do STJ.

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