No episódio 64, reprisamos a live que fizemos com a psicóloga Jaqueline Gomes de Jesus
No episódio 64, o repórter Caê Vasconcelos conversa com a psicóloga Jaqueline Gomes de Jesus sobre como a população LGBT+ tem sido afetada durante a pandemia do coronavírus. Jaqueline é professora do IFRJ (Instituto Federal do Rio de Janeiro) e psicóloga, com doutorado em Psicologia Social do Trabalho pela UnB (Universidade de Brasília) e pós-doutorado pela Escola Superior de Ciências Sociais, da Fundação Getúlio Vargas, no Rio de Janeiro.
As duas fizeram uma live na conta do Instagram da Ponte Jornalismo na última quinta-feira (30/4) sobre o tema. Na conversa, Jaqueline não poupou críticas ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido), que tem minimizado a pandemia e criticado as medidas de isolamento social.
Além disso, Bolsonaro tem feito declarações condenáveis sobre a situação de crise na saúde pública e os reflexos na economia, como quando, em coletiva de imprensa, respondeu com “E daí?” ao questionamento sobre o número de mortes em decorrência da Covid-19.
“É uma estratégia do governo federal de contaminação da população negra, LGBT+ e periférica. Por isso os dados racializados são fundamentais para o desenvolvimento de políticas públicas. Eles querem executar nossos corpos, como executaram Marielle e como executam os corpos negros, LGBTI, todos os dias”, declarou Jaqueline.
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Para ela, a crise escancarou a importância do cientificismo para tomadas de decisões da área da política. “Estão reconhecendo a importância da educação e da ciência, e do acesso à saúde. Nesse momento, a gente vê como é fundamental que a gente esteja alerta e articuladas com nossos parceiros”, avalia.
E Jaqueline chama a atenção para o que está acontecendo politicamente no estado do Rio de Janeiro. “Não podemos ser ingênuos. O governador do Rio [Wilson Witzel] tomou medidas adequadas com relação ao enfrentamento à pandemia, mas é um governo que defende e propaga políticas violentas”, afirma.
Jaqueline também comenta sobre uma pesquisa da qual participou sobre saúde mental na população LGBT+ em alguns países no mundo. “A gente tem observado que no Brasil existem altas taxas de ansiedade. E eu considero que isso tem a ver com esses altos índices de violência, o número de feminicídios, em geral, dos assassinatos de corpos trans. O Brasil é o país que mais mata pessoas trans”, critica.
Em determinado momento do episódio do PonteCast, Jaqueline falou sobre a importância dos grupos de minorias em direitos (população LGBT+, negros e negras) assumirem os espaços na política e o tema BBB surgiu. Para Jaqueline, a vitória da médica Thelma Assis, que é uma mulher negra, foi muito importante. “A gente tá falando de representatividade. Porque se acharmos que uma mulher negra não pode vencer uma votação de um programa, como acreditar que vai virar presidente. A gente tem que, sim, colocar esse debate nas agendas dos partidos progressistas.”