No episódio especial do Dia da Mulher, conversamos com Marília Taufic, co-idealizadora do app, sobre como orientar a vítima de violência a tomar uma ação efetiva
“Pode até dar flores, mas, antes disso, dê respeito”. O dia 8 de março de 2020 é o Dia Internacional da Mulher e é uma data para lembrar por que a luta pelos direitos da mulher, pelo combate da violência contra a mulher e por uma sociedade que consiga quebrar a régua de gênero é tão importante.
Longe de ser “mimimi” ou coisa de feminista, debater equidade de gênero e os problemas decorrentes da estrutura machista que forjou nossa sociedade é problema de todo mundo.
No episódio 56, vamos contar um pouco sobre o aplicativo PenhaS, que se propõe acolher, informar, orientar e até preparar a vítima de violência para uma ação efetiva. O app é uma realização do Instituto AzMina e completa neste domingo, 8 de março, um ano de vida. O nome, claro, é uma homenagem à lei Maria da Penha, que com imperfeições é ainda um marco fundamental na luta pelo direito da mulher, especialmente o constitucional direito à viver.
Para contar como tudo isso começou, a importância de criar espaços de diálogo e debater sobre as raízes da violência contra a mulher na nossa sociedade, Maria Teresa Cruz conversa com a jornalista Marília Taufic, co-idealizadora e coordenadora do PenhaS.
De acordo com ela, a desigualdade de gênero é a causadora das violações contra as mulheres. “Não só a violência doméstica, não só a violência física, mas a violência da rua, a violência no ambiente de trabalho, as agressões verbais, psicológicas e o quanto essa desigualdade faz com que a gente tenha realmente espaços diferentes na nossa sociedade”, explica. “Falar sobre gênero e sobre isso no 8 de março não é falar sobre uma ideologia como muitas pessoas pensam”, afirma Marília, destacando que até mesmo entre mulheres ainda existe uma falta de entendimento sobre o que é o feminismo.
“Falar sobre gênero é falar sobre essa diferenciação entre os sexos. Por que existe alguém que vale menos que o outro na sociedade? Por que uma pessoa pode algo que a outra não pode?”, provoca.
Marília detalha que a pesquisa para que se chegasse ao formato do PenhaS durou quase quatro anos, teve muito diálogo, muita troca e rodas de conversa na periferia da cidade de São Paulo, embora, e isso é importante ressaltar, o aplicativo tenha alcance nacional.
O aplicativo, financiado pela ONG Mama Cash, tem diversas funcionalidades e até mesmo um mapa nacional de “pontos de apoio”, que inclui delegacias, para que você denuncie a violência. Logo que você baixa o app, você precisa criar seu perfil e vai encontrar as telas de apresentação.
A jornalista Marilia Taufic destaca que não necessariamente apenas vítimas de violência doméstica fazem uso do aplicativo. Pelo contrário. Justamente por ser um dispositivo de informação e de rede de apoio, qualquer pessoa pode baixar o aplicativo.
Há um quiz para mulheres que podem estar em dúvida se estão vivendo um relacionamento abusivo, criado com consultoria do Ministério Público do Estado de São Paulo.
E há também algo bem interessante que é a “rede de guardiões”: você seleciona até cinco pessoas de sua inteira confiança para que sejam avisadas a partir de um “botão de pânico” caso você esteja passando por uma situação de violência. E, por fim, há o gravador para que você, mulher em situação de violência, possa produzir provas contra seu agressor.
Por fim, Maria Teresa Cruz pediu ajuda a Marilia Taufic para imaginarem uma casa que representasse o combate da violência contra mulher. O que seria o telhado? E a porta? E as paredes? E a base?
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