PonteCast | ‘Não consigo olhar para a cara de um PM’, afirma educador preso injustamente

    No episódio 43, recebemos Marcelo Dias, que foi preso injustamente em junho de 2018, e o jornalista Victor Santos, que falaram sobre o podcast que criaram juntos

    Aquela história de “se a vida lhe der um limão, faça uma limonada” cabe bem ao educador Marcelo Dias, presidente da ONG Novos Herdeiros Humanitários localizada na zona sul de São Paulo. Marcelo foi preso por tráfico de drogas em um flagrante forjado que contou apenas com o depoimento de policiais. Ele ficou mais de seis meses no CDP (Centro de Detenção Provisória) de Pinheiros, na zona oeste de SP.

    Em liberdade e absolvido, Marcelo usou sua história para se fortalecer: milita hoje em dia pela causa das prisões injustas, integra a Rede de Combate e Resistência ao Genocídio, combate a violência policial e continua fazendo articulações entre sua comunidade e o poder público no sentido de debater políticas sociais urgentes de serem implementadas.

    “Eu não consegui controlar minha indignação contra a polícia. Eu sabia dos meus direitos. Era abuso de poder o que estava acontecendo comigo. E eu não conseguia reverter. Nunca imaginei que isso fosse acontecer. Tudo que aconteceu comigo, me deu um zelo maior pela periferia”, conta Marcelo ao reviver o que passou em junho do ano passado.

    “Não consigo hoje olhar para a cara de um policial. Estou fazendo um trabalho interno, porque é um ser humano e sei que ele é apenas uma reprodução de um sistema opressor, de um governo opressor”, desabafa Marcelo Dias.

    Marcelo queria muito fazer um podcast para contar a sua e outras histórias de prisões injustas. Por intermédio de uma amiga em comum, o jornalista Victor Santos chegou até o educador e, juntos, criaram o Enquadros Cast, que como o próprio nome diz, trata dos flagrantes forjados, violência policial e as falhas do sistema de Justiça.

    “A nossa ideia é trabalhar essas historias d pessoas que tiveram conflitos com a justiça, culpadas ou inocentes. Tentando abordar diversos fatores dessa história, diversas partes do processo. a gente quer falar do enquadro, quem viu, o que diz o boletim de ocorrência, falar com policiais antifascistas, entender quem era o juiz do caso, dar detalhes do sistema prisional, porque sinto que tem muita gente que desconhece”, explica Victor.

    Quer entrar em contato com a equipe do Enquadros Cast? O e-mail é [email protected] e eles estão no Instagram: @enquadroscast

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