PonteCast | O racismo escancarado no Big Brother Brasil

    No episódio 61, conversamos com o jornalista negro Breno Laerte: “o diálogo com um racista só é possível quando o racismo é por ignorância, não por opção”

    “Ele se faz de vítima”, “Para que serve esse pente?”, “Preciso me depilar, tá parecendo cabelo black”, “Eu tenho uma amiga que usa black”, “Eu não tenho nada contra negros, tenho amigos negros”.

    Essas são algumas, apenas algumas, das muitas frases que participantes da edição do Big Brother Brasil 2020, reality show da TV Globo, falaram nas últimas semanas, em rede nacional. Para o jornalista, fotógrafo e educador Breno Laerte, “cria da Maré”, como ele mesmo se define, isso tudo tem apenas um nome: racismo.

    O ator Babu Santana assumiu protagonismo na edição do BBB e, sem sombra de dúvida, é o favorito ao prêmio. Laerte é um dos muitos brasileiros que manifesta publicamente a torcida por Babu.

    “A todo momento Babu falou de racismo, mas em pouquíssimas ou nenhuma ele usou a palavra racismo”, explica. “Até que ponto devemos dialogar com um racista? Até o ponto que percebermos que ele é racista por opção, não por ignorância”, pontua Laerte.

    “Quando a gente fala de racismo ele é um planejamento plural. dentro do BBB ele se explicita de muitas formas. Quando você pega a figura da Marcela, da Ivy você tem um racismo sutil, individualizado. E você percebe como no Brasil esse processo é natural. Ele é uma consequência do estrutural. E aí ele vai formando esse processo de naturalização”, explica Laerte.

    Sobre o choro da participante Marcela, que saiu do programa na semana passada, e o debate de lugar de fala que se estabeleceu, Laerte é didático. “Claro que o branco deve falar sobre racismo, porque o racismo é culpa do branco, da branca. Enquanto ele não fala, a gente vai entrar num looping sem fim. mas entender que entrando no espaço de fala, que sujeito eu sou. Ou seja, quem são elas [Marcela, Ivy e Gizelly] no debate? Um branco nunca vai ser protagonista desse debate”.

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