Presidente de movimento de população de rua desaparece no centro de SP

    Robson Mendonça foi visto pela última vez ao deixar posto de saúde no Glicério nesta quarta (10); amigo afirma que idoso se queixava de dores ao deixar a clínica para sacar dinheiro em banco da região

    Robson Mendonça foi visto pela última vez ao deixar a AMA Sé, na Baixada do Glicério, centro de SP | Foto: Reprodução/Facebook

    Amigos de Robson César Correia Mendonça, presidente do Movimento Estadual da População em Situação de Rua de São Paulo, estão preocupados com seu desaparecimento desde o final da tarde da última quarta-feira (10/3). Um boletim de ocorrência foi elaborado pela Divisão Antissequestro da Polícia Civil.

    O taxista Romualdo Carneiro, 60 anos, amigo de Mendonça e autor do boletim de ocorrência, informou à Ponte que o idoso vinha se queixando de dores pelo corpo, falta de ar e paladar, e teme que ele possa ter algum problema de saúde ou ter sido roubado após sacar dinheiro no banco.

    Leia também: Robson Mendonça: ‘Minha esperança é ver as pessoas saírem das calçadas’

    Romualdo e Robson estavam juntos até por volta das 16h, quando deixaram a AMA Sé, na Baixada do Glicério, centro da capital paulista, diz o taxista. Eles haviam ido até a unidade de saúde após Mendonça se queixar de dores pelo corpo que poderiam ser uma gripe. No entanto, Robson se recusou a fazer o teste para Covid-19, já que estaria com pressa para chegar ao banco. No local, de acordo com o boletim de ocorrência, Mendonça sacou R$ 1.400.

    “Insisti para acompanhar ele até o banco, mas ele disse que não precisava, que já tinha escolta”, disse Carneiro. O homem aponta que, após encaminhar diversas mensagens para o celular de Mendonça, recebeu como resposta um texto que o deixou preocupado. “Amanhã devovemo e vcs são colpado se fizerem besta. Ele sobe” (foi mantida a grafia original).

    Após a mensagem, Carneiro decidiu procurar a polícia. “Na delegacia, o delegado viu pelo rastreador do celular que, durante a noite, ele havia passado pela Cracolândia, na Luz, e, depois, na Praça da Sé. Pelas condições dele naquele dia, como falta de ar, ele não conseguiria fazer o trajeto”. O taxista acha que ele pode ter se “acidentado, perdido o celular ou terem roubado. Ele não tem condições de fazer esse trajeto, principalmente naquele estado”, ressaltando a fragilidade que Mendonça se encontrava. Entre a Luz e a Sé a distância é de três quilômetros.

    O boletim de ocorrência também informa que Mendonça demonstrava vontade de ir para o Sul do país encontrar parentes. Robson perdeu a esposa e dois filhos em um acidente de carro, e passou a morar nas ruas de São Paulo após sofrer um golpe e perder todo o dinheiro que havia juntado como fazendeiro no Rio Grande do Sul.

    Segundo amigos, “Mendonça estava passando por um stresse emocional nos últimos dias por não conseguir arcar com alguns compromissos após a minguar as doações que recebia”. Por esse motivo, levantam a hipótese de que ele possa estar vagando pela cidade. A orientação dos amigos é que informações sobre o paradeiro de Robson sejam direcionadas ao Disque-Denúncia 181, da Secretaria da Segurança Pública paulista.

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    Além de Carneiro e outros amigos, ativistas e políticos também entraram na corrente que busca pelo paradeiro de Mendonça, incluindo o vereador Eduardo Suplicy (PT), que publicou uma mensagem na sua conta no Facebook: “muito preocupado, informo que desde ontem não temos notícias de Robson César Correia de Mendonça, presidente do Movimento Estadual da População em Situação de Rua (MEPSR). De tarde, Robson chegou a passar em atendimento médico em um hospital na região central de São Paulo, mas desde às 18h está desaparecido”.

    DESAPARECIDOMuito preocupado, informo que desde ontem não temos notícias de Robson César Correia de Mendonça,…

    Publicado por Eduardo Suplicy em Quinta-feira, 11 de março de 2021

    Em nota, a SSP (Secretaria da Segurança Pública) informou que “o caso é investigado na 1ª Delegacia da Divisão Antissequestro, do DOPE, com apoio da 5ª Delegacia de Polícia de Investigações sobre Pessoas Desaparecidas, do DHPP. Todo trabalho de polícia judiciária é realizado para localização do homem. Outras informações não serão passadas para preservar o trabalho policial”.

    Reportagem atualizada em 12/3, às 18h35, para inserir posicionamento da Secretaria da Segurança Pública

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