Em SP, homem protestava contra queima da Amazônia no governo Bolsonaro quando GCM o abordou e prendeu por desacato
Um homem foi preso pela GCM (Guarda Civil Metropolitana) de São Paulo quando protestava contra as queimadas na floresta amazônica neste governo de Jair Bolsonaro (PSL) na Avenida Paulista. Ele protestava em uma bicicleta e os guardas o consideraram em “atitude suspeita” por pedalar na calçada de gorro e por ter dreads no cabelo.
Segundo apurado pela Ponte, os guardas patrulhavam o local do ato contra a prática do crime ambiental e cobrando atitudes do governo federal quando avistaram o homem na bicicleta andando na calçada. Eles, que ocupavam a viatura de placa BYD-2428, decidiram abordá-lo. Um guarda explicou à reportagem que o homem resistiu e tentou fugir, o que fez os guardas darem voz de prisão por desacato.
O GCM ainda explicou que o homem “bateu com o cabelo” em um dos agentes públicos de segurança, outro motivo para sustentar o desacato à autoridade quando apresentaram a ocorrência no 78º DP (Distrito Policial), que fica nos Jardins, bairro rico da capital paulista. Após ouvido, assim como os guardas e testemunhas, o homem foi liberado ao assinar um termo circunstanciado. Ele passará por audiência, cuja nada não foi agendada.
Enquanto isso, o protesto que começou no Vão do Masp, na Avenida Paulista, seguiu rumo à sede do Ibama em São Paulo, localizado na Alameda Tiete. O trajeto tem cerca de 2 quilômetros de duração. No caminho, os manifestantes demonstravam preocupação com o futuro da floresta e também criticavam a postura do governo do presidente Bolsonaro, principalmente por conta das falas rebatendo cobranças internacionais por um combate efetivo às queimadas e ao desmatamento.
Em pronunciamento oficial em rede nacional na noite desta sexta-feira (23/8), Bolsonaro afirmou que disponibilizará GLOs (ações de Garantia da Lei e da Ordem) para os estados que precisarem de ajuda no combate aos focos de incêndio. Esse trabalho será feito por homens das Forças Armadas em estados que solicitarem o apoio. “Somos um governo de tolerância zero com a criminalidade, e na área ambiental não será diferente. Por essa razão, oferecemos ajuda a todos os estados da Amazônia Legal”, declarou o presidente.
A Ponte questionou a Prefeitura de São Paulo, administrada pelo prefeito Bruno Covas (PSDB), sobre a ação da GCM. Às 22h01, a Prefeitura explicou que a abordagem aconteceu porque o ciclista estava “trafegando em alta velocidade e ter derrubado uma senhora. Ao ser orientado de que não é permitido circular na calçada em alta velocidade, o ciclista iniciou uma discussão com os agentes e, por esse motivo, foi encaminhado ao 78 DP, onde está sendo apresentado neste momento”, diz nota.
A reportagem também questionou a SSP (Secretaria da Segurança Pública) do estado de São Paulo sobre detalhes oficiais da ocorrência, como qual crime praticado pelo homem. A pasta explicou às 20h25 que a “ocorrência ainda será registrada na unidade, não sendo possível passar mais detalhes no momento”. A pasta não enviou nenhuma atualização do caso até o presente momento.
*Matéria atualizada às 22h20 para incluir a nota da Prefeitura de SP.