Educadora da rede municipal de SP disse que menina estava sofrendo bullying de colegas; a mãe rebate e enfatiza que filha foi vítima de racismo: ‘Ela usou as crianças para falar o que pensa’
Uma professora de uma escola municipal de São Paulo pediu para a mãe de uma menina de 4 anos “alisar ou prender” o cabelo black da menina, porque ela estaria sofrendo bullying e sendo isolada por conta disso. Contudo, Janaína de Oliveira Martins, 32 anos, estranhou que isso estivesse acontecendo com a filha, foi falar com outras funcionárias da escola e descobriu que não havia qualquer dificuldade de relação com a menina. Para ela, não há dúvidas: a filha foi vítima de racismo. O caso aconteceu na Emei Estrada Turística do Jaraguá na zona oeste da capital paulista.
Janaína conta que, ao fazer o pedido, a docente falou sobre o possível isolamento da menina por parte das outras crianças. “Ela me chamou de canto e falou que eu precisava dar um jeito no cabelo dela porque os alunos da sala não estavam se adaptando. Eles estariam achando ela estranha por causa do cabelo black e que estavam a xingando”, conta a mãe, que trabalha como cuidadora de crianças.
O pedido fez com que Janaína acionasse a direção da escola para cobrar providências pois a professora disse que a menina tinha “cabelo ruim e a mãe deveria alisar”. Uma reunião aconteceu e, nela, a escola explicou que a profissional passaria com um teste psicológico e ela chorou ao saber da possibilidade de um B.O. ser aberto.
“Estávamos na sala e ela começou a chorar, pedir pelo pelo amor de Deus, que faria tudo o que quisesse e, se abrisse o B.O., estaria prejudicando não só a profissional mas toda a vida dela”, conta a mãe, explicando que a professora reafirmou a fala por escrito. “Em um papel ela escreveu que não sabia que a situação acabaria ficando desse jeito, que fez na intenção de ajudar a minha filha”, conta.
Após a primeira reunião, a mãe ouviu de outros professores da Emei que as crianças não isolavam sua filha, ao contrário, todos interagiam bem, sem nenhum problema. “Tem alguém mentindo. Como crianças de 4 anos entende de algo de cabelo para praticar racismo? Não entendem. Ela [professora] usou as crianças para falar algo que ela pensa”, aponta Janaína.
A cuidadora estuda se registrará ou não a ocorrência contra a professora. Enquanto isso, a filha continua sob os cuidados da mesma profissional. Janaína explica que a direção da escola colocou um profissional para acompanhar as aulas.
“A direção está resolvendo, já apazigua a situação afastando a professora. Não vou me sentir segura com minha filha tendo aula com ela, que não reconheceu o erro. Pediu desculpa, mas continuou batendo na mesma tecla ao continuar falando em prender o cabelo”, continua.
A Ponte procurou a Secretaria Municipal de Educação de São Paulo que, em nota, afirma que lamentou o episódio ocorrido em 22/8 e informa que abriu procedimento disciplinar contra a professora envolvida. “Em reunião feita nesta segunda-feira (3/9), pela Comissão de Mediação de Conflitos, a diretoria regional acolheu a família e prestou todos os esclarecimentos. Além disso, está realizando ações pedagógicas com os alunos da sala em que a criança estuda, onde estão sendo abordados temas como o respeito à diversidade. Os pais já informaram à direção escolar que não querem que a criança seja trocada de sala ou período para que não haja prejuízo pedagógico”, diz a nota assinada pela Diretoria Regional de Educação (DRE) Pirituba.
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