Raphael Martinelli, 70 anos de luta: ‘militância até o último minuto’

    Um dos fundadores da Ação Libertadora Nacional, ao lado de Carlos Marighella, e importante líder sindical morreu neste domingo (16/2)

    Raphael Martinelli foi um importante militante contra a ditadura militar | Foto: reprodução

    Dos 96 anos de vida, pelo menos 70 foram de luta. Essa foi a trajetória de Raphael Martinelli, importante líder sindical dos ferroviários e um dos fundadores da Ação Libertadora Nacional, ao lado do guerrilheiro Carlos Marighella.

    Martinelli era o único militante da ALN que ainda estava vivo. Para os amigos, era um homem de acertos. Morreu em decorrência de dois tipos de câncer, nos ossos e no fígado, na manhã deste domingo (16/2).

    Atualmente, era presidente da Liga Latino-Americana dos Irredentos, grupo de que promove o resgate e socialização da memória das resistências populares.

    O militante Geraldo Sardinha, 75 anos, que também integra a Liga, contou que até o último dia o líder sindical se preocupou com o processo revolucionário. “Ontem ele me mandou um áudio falando que temos que manter a luta viva, pensando na juventude. Ele falou ‘camarada, não deixe cair a nossa proposta, siga em frente, pois temos uma tarefa com a América Latina'”, conta.

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    Martinelli foi perseguido por mais de duas décadas e presos duas vezes: em 1955, quando era líder sindical dos ferroviários, e em 1970, como militante de resistência contra a ditadura militar.

    Na segunda prisão, Martinelli foi torturado dentro dos centros de repressão do DOI-Codi (Destacamento de Operações de Informação – Centro de Operações de Defesa Interna) e Deops (Delegacia de Ordem Política e Social), concluindo sua pena no antigo Presídio Tiradentes, em São Paulo.

    Em 2014, Martinelli virou livro. A biografia “Estações de Ferro” conta sua trajetória política, como líder sindical e ex-militante do Comando Geral dos Trabalhadores e do Partido Comunista Brasileiro. Raphael também teve um papel importante na constituição do Memorial da Resistência. Lutou por sua criação, apoiando e participando de todas as ações da instituição.

    Geraldo Sardinha conta que foi um golpe duro saber da morte do amigo. “Para sermos militantes, temos que ter muitos sentimentos e amores. Para lutar essa luta precisamos abrir mão de muitas coisas. Foram momentos de alegria, de discussões e aprendizados”, relembra.

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