No 1º dia de julgamento de dois PMs e um GCM, acusados da maior chacina de SP, tribunal ouviu 4 dos 6 depoimentos previstos
Com atraso de 3 horas, o primeiro dia do julgamento dos policiais militares Fabrício Emmanuel Eleutério, 32 anos, e Thiago Barbosa Heiklain, 30, e do do guarda civil municipal Sergio Manhanhã, 43, acusados de participar da maior chacina da história de São Paulo, teve 4 depoimentos, dos 6 previstos. Eles são acusados pela morte de 17 pessoas no dia 13 de agosto de 2015. Os crimes teriam sido motivados para vingar as mortes de um cabo da PM e de um GCM. O juri está composto por quatro homens e três mulheres.
Há ainda um quarto PM acusado de participar da chacina, Victor Cristilder dos Santos, que será julgado separadamente e ainda sem data definida, porque recorreu da decisão que levou os outros réus ao tribunal do júri.
As testemunhas de acusação ouvidas hoje foram o capitão Rodrigo Elias da Silva, da Corregedoria da PM, um sobrevivente, que pediu para que os réus saíssem da sala de audiência por medo, o delegado do DHPP, José Mario Goulart, e o delegado da seccional de Carapicuíba, André Schiffmann.
O primeiro a falar foi o capitão Rodrigo. Durante duas horas, ele relatou que ouviu depoimentos de 60 PMs do 42º BPM e que não tem dúvidas de que os réus são culpados. “PMs da Força Tática teriam voltado ao local dos crimes tentando abordar testemunhas protegidas e, entre esses policiais, estava o Thiago, um dos acusados”, afirmou.
O capitão destacou que, quando a Corregedoria levou o PM Fabrício Emmanuel Eleutério, o primeiro a ser preso, para ser ouvido, ele já respondia por um homicídio ocorrido em 2013. “O assassinato também foi em Osasco, só que em 2013, e as munições são as mesmas usadas e compradas, via lote da PM, da chacina de 2015”, explicou o capitão. Fabrício estava no quartel da Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar) desde 2013, mas nunca chegou a ir pra rua.
O terceiro a depor foi o sobrevivente, que não será identificado, e relatou que não viu nada, porque estava dormindo quando o bar foi alvejado. “Era muito amigo do Thiago, Fernando, Leandro e Marcos [sobrevivente] e nenhum deles tinha envolvimento com crime”, disse.
Para o delegado do DHPP, José Mario Goulart, ficou evidente que todos os crimes estão conectados. “Foram mostradas de 8 a 12 fotos de alguns PMs e GCMs investigados a uma testemunha e ela passou mal ao reconhecer o Fabrício Eleutério. A testemunha o reconheceu por foto e pessoalmente duas vezes”, afirmou.
Os três acusados se dizem inocentes. Antes do início do julgamento desta segunda-feira, familiares protestaram em frente ao Fórum de Osasco. Nesta terça-feira (19/9), o julgamento entra no segundo dia. A previsão é que termine apenas na próxima semana.