Há 40 anos, um policial militar matou o operário Santo Dias, com um tiro nas costas, durante uma greve na zona sul de São Paulo
A maior parte dos crimes da ditadura de 1964-1985 foi praticada por órgãos de repressão que desapareceram com a chegada da democracia, como o Doi-Codi, do Exército, ou o Dops, da Polícia Civil. Mas uma das mortes mais emblemáticas dos anos finais do regime militar levou a assinatura de uma instituição recém-criada, que haveria de permanecer mesmo após a redemocratização.
A morte foi a do operário Santo Dias da Silva, assassinado com um tiro nas costas em 30 de outubro de 1979, um crime que acaba de completar 40 anos de impunidade. E a instituição responsável pela sua morte foi a Polícia Militar, instituída nos estados a partir de 1969, quando um decreto-lei do governo federal tirou das ruas as Guardas Civis e declarou que o policiamento ostensivo passaria a ser exclusivo dos policiais militares.
O PM Herculano Leonel, acusado de atirar em Santo, chegou a ser condenado a seis anos de prisão, pelo Conselho de Sentença da Primeira Auditoria Militar do Estado de São Paulo, mas foi absolvido, no ano seguinte, por uma decisão do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo.
Em evento realizado no sábado (26/10), parentes, amigos e ativistas recordaram a morte de Santo Dias e a luta por justiça e igualdade social.
“A gente sabe que a luta do Santo não era só do Santo. Tantos companheiros e companheiras caíram pelo caminho, mas o sangue deles foi força, semente e teimosia”, disse a viúva de Santo, Ana Dias.