Evento acontece em praça da Brasilândia, zona norte de SP, para homenagear mortos em chacina ocorrida há dez anos
Aconteceu na tarde deste sábado (17), na praça Sete Jovens, Brasilândia, zona norte de São Paulo, o “Sarau 7 Jovens”, com poesias, músicas e exposição de pinturas de crianças do bairro. O evento é realizado mensalmente no terceiro sábado, na praça que homenageia as sete vítimas de uma chacina que aconteceu na região no dia 1º de fevereiro de 2007.
Apesar do Coletivo 7 Jovens fazer intervenções culturais na praça desde 2012, integrantes do movimento afirmam que frequentemente policiais tentam intimidar as ações. Segundo um integrante do coletivo, que não quis se identificar por medo de represália, na sexta-feira (16), quando estava sendo feito os preparativos para o sarau que aconteceria no dia seguinte, policiais militares chegaram no local, desmontaram os bancos de madeira que estavam sendo construídos e teriam prometido aumentar o número de jovens homenageados.
Sarau do Kintal: de casa, pra quem é de casa
O integrante do coletivo ainda afirma que os PMs “pegaram os celulares para averiguar e ficaram visualizando as fotos e contatos”. Ele acredita que essa prática dos policiais militares é “uma forma de evitar que consiga gravar algum áudio, fazer algum registro em vídeo ou alguma coisa para prejudicar os caras [PMs]”.
O coletivo cuida da manutenção e limpeza da praça, de forma independente, desde 2010 e, dois anos depois, começou a organizar diversas ações culturais no local. A mais popular é o Samba do Bowl, que acontece desde 2013, no primeiro domingo do mês.
Segundo o integrante do coletivo, o Sarau 7 Jovens surgiu dentro do Samba do Bowl, quando era aberto o microfone, durante os intervalos, para apresentações de poesias, músicas de autoria dos moradores, entre outras intervenções da população local.
“Não temos apoio de nenhuma instituição, organização, nem poder público”, explica o membro do coletivo, que completa dizendo que os eventos acontecem “de forma independente, com estruturas básicas de som, emprestadas por moradores da comunidade”.
Os integrantes do coletivo têm medo de ter a identidade revelada por serem “vítimas de perseguição”. De acordo com o integrante ouvido pela reportagem, as ações hostis da PM são “cotidianas”.
Outro lado
Procurada pela reportagem, a assessoria de imprensa da SSP-SP (Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo), administrada pela empresa terceirizada CDN Comunicação, não respondeu aos questionamentos da Ponte Jornalismo até a publicação desta reportagem.