“Se a Justiça é injusta, a gente responde com cultura” é lema na Ocupação Mauá

    Sarau na Ocupação Mauá, centro de SP, denuncia reintegração de posse e despejo de mais de 200 famílias que pode acontecer a qualquer momento

     

    Moradores da Ocupação Mauá, no bairro da Luz, centro de São Paulo, se organizaram e fizeram um sarau, com mais de 30 artistas, entre cantores, atrizes e grafiteiros, na tarde de sábado (24/06) para denunciar a reintegração de posse do local e, consequentemente, o despejo de mais de 200 famílias que vivem no local e não têm aonde ir.

    Foto: Daniel Arroyo/Ponte Jornalismo

    A reintegração foi definida pelo juiz Carlos Eduardo Borges Fantacini, da 26ª Vara Cível. Em 2013, o então prefeito Fernando Haddad (PT) decretou que o prédio seria de interesse social e depositou R$ 11 milhões para a compra do edifício. Os proprietários, no entanto, avaliam o prédio em R$ 21 milhões, o que travou a compra.

    Foto: Daniel Arroyo/Ponte Jornalismo

    Segundo Ivaneti Araújo, do MMLJ (Movimento de Moradia na Luta por Justiça), o sarau foi uma forma de mostrar que há cultura e que é uma irresponsabilidade tirar todos de onde estão sem nenhum outro lugar para viver. “Se a Justiça é injusta, a gente responde com cultura”, afirma à Ponte Jornalismo.

    Foto: Daniel Arroyo/Ponte Jornalismo

    “São mais de 200 famílias aqui, já estabelecidas e com diversas atividades culturais. Nós não queremos nada de graça. Queremos pagar por aqui que é nosso de direito. Queremos ter direito à moradia. Por isso, lutamos. Quem não luta está morto”, diz Ivaneti.

    Foto: Daniel Arroyo/Ponte Jornalismo

    Hoje, o total de salas e quartos em prédios fechados e abandonados no centro de São Paulo é maior que o número de famílias que participam de movimentos por moradia. O imóvel onde fica a ocupação Mauá já foi um imponente hotel do centro de SP, mas  ficou completamente abandonado e degradado por 20 anos.

    Foto: Daniel Arroyo/Ponte Jornalismo

    Em 2007, um grupo de famílias trabalhadoras, engajada no movimento por moradia digna, ocupou o edifício e deu novo sentido ao velho prédio da rua Mauá. Há dez anos, seus moradores organizam constantes mutirões para a limpeza, reforma e conservação da habitação. Em 2012, o local já teve, também, reintegração de posse.

    Foto: Daniel Arroyo/Ponte Jornalismo
    Foto: Daniel Arroyo/Ponte Jornalismo

    Entre os artistas que foram ao evento, estão o poeta  e escritor Tubarão Du Lixo; o rapper Max Musicamente;  a poeta e atriz Vitória Salvadori, os atores Sidney Santiago e Lucélia Sérgio da Companhia Os Crespos; performance do grupo Teatro do Engenho; a dançarina Adriana Nunes, entre outras como Fioti, Ducorre, com participação especial da Srta. Paola;  Crônica Mendes, que levou ao palco um vigoroso espetáculo misturando rap e guitarra pesada; a cantora  Ana Canãs e a Cia. Pessoal do Faroeste.

    O encerramento do festival foi feito pela poeta Luana, moradora de ocupação no centro. Ela recitou um poema e fez um discurso inflamado sobre a importância da resistência do movimento de luta por moradia.

    Durante o evento, grafiteiros de todas as regiões da cidade produziram painéis multicoloridos tendo como tema a moradia, a luta e a dignidade.

    Pela manhã, o coletivo Lentes Periféricas organizou uma oficina de fotografia com crianças e adolescentes da Ocupação Mauá, de tarde, essas fotografias formaram o acervo da exposição de fotos no corredor principal da Mauá.

    No pátio, foi instalada uma mostra  com registros icônicos  do fotógrafo João Wainer.

     

    Veja mais fotos de Daniel Arroyo: 

    Foto: Daniel Arroyo/Ponte Jornalismo
    Foto: Daniel Arroyo/Ponte Jornalismo
    Foto: Daniel Arroyo/Ponte Jornalismo
    Foto: Daniel Arroyo/Ponte Jornalismo
    Foto: Daniel Arroyo/Ponte Jornalismo
    Foto: Daniel Arroyo/Ponte Jornalismo
    Foto: Daniel Arroyo/Ponte Jornalismo
    Foto: Daniel Arroyo/Ponte Jornalismo
    Foto: Daniel Arroyo/Ponte Jornalismo
    Foto: Daniel Arroyo/Ponte Jornalismo
    Foto: Daniel Arroyo/Ponte Jornalismo

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