Chefe do executivo é alvo de investigação do MP, que o acusa de associação com organização criminosa, tráfico de drogas e lavagem de dinheiro
Prestes a ser julgado pelo STF (Superior Tribunal Federal), o prefeito de Embu das Artes, na Grande SP, Ney Santos (PRB), pediu licença por tempo indeterminado nesta segunda-feira (5/3). Em caso de a Câmara aprovar o pedido, o vice-prefeito Peter Calderoni (PMDB) assumirá o executivo municipal interinamente. O político comanda a cidade por meio de liminar concedida pelo ministro do STF, Marco Aurélio Mello, em fevereiro de 2017.
O pedido de afastamento acontece um dia antes de o benefício cedido por Mello ser julgado nesta terça-feira (6/3) pelo plenário do Supremo. “Para não prejudicar o bom andamento da cidade e para que a disputa judicial não atrapalhe os projetos que estão sendo desenvolvidos em prol de nosso povo, peço afastamento do cargo para cuidar de perto do processo”, declarou o prefeito em nota.
O Ministério Público (MP) acusa Santos de associação com organização criminosa, tráfico de drogas e lavagem de dinheiro.
Às 8h desta segunda-feira (5/3), a cúpula da prefeitura se reuniu junto do presidente da Câmara, Hugo Prado (PSB), para decidir qual seria a melhor estratégia para a situação do prefeito investigado. Na reunião, ficou entendido que o afastamento seria menos prejudicial à imagem de Ney Santos.
Ainda no período da manhã, os 17 vereadores de Embu das Artes receberam um comunicado sobre a plenária extraordinária que decidirá se o prefeito vai poder se afastar de seu cargo. A votação do decreto 10/2018, que decide pela licença do político por tempo indeterminado, está marcada para às 9h30 desta terça, na Câmara da cidade.
Santos foi impedido de assumir o cargo de prefeito após vencer as eleições municipais de 2016 pelo Ministério Público (MP) ter pedido sua prisão preventiva, em dezembro daquele ano. O prefeito ficou foragido por dois meses até que o STF concedeu uma liminar a favor do político, em fevereiro de 2017. Ele foi oficialmente empossado no dia 12 do mesmo mês.
Subsecretário afastado
A atual gestão de Embu das Artes se viu em mais uma polêmica no final de 2017, quando o jornalista Gabriel Binho, do site Verbo Online, acusou Ney Santos de estar envolvido em atentado contra a sua vida. À Ponte, o secretário de comunicação da cidade, Jonas Donizette, falou que ‘a prefeitura não estava envolvida’ no crime.
Conforme as investigações da Polícia Civil avançaram, foi descoberto que o subsecretário de comunicação e tecnologia da cidade, Renato Oliveira, tinha sido um dos autores da agressão contra Binho.
Oliveira e o agente penitenciário Lenon Roque, que estava com ele no momento do suposto atentado, foram indiciados pela corporação por lesão corporal grave. Foi quando a prefeitura decidiu afastar o ex-subsecretário de suas funções até que o processo contra ele fosse encerrado.
O Ministério Público chegou a pedir prisão preventiva de Oliveira e Roque sob acusação de homicídio triplamente qualificado. Contudo, o juiz da 1ª Vara Criminal de Embu das Artes Rodrigo Aparecido Bueno de Godoy negou o pedido no último dia 23 de fevereiro.