Marcola, apontado como líder da facção, e outros 14 membros estão no sistema federal desde fevereiro deste ano
Começou nesta segunda-feira (09/12) o prazo para a SAP (Secretaria da Administração Penitenciária), do governo de São Paulo, pedir à Justiça a prorrogação por mais 360 dias do período de internação de 15 líderes do PCC (Primeiro Comando da Capital) no sistema penitenciário federal.
Os líderes do PCC, entre eles Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola, apontado como o número 1 da maior facção criminosa do Brasil, foram transferidos para presídios federais em 13 de fevereiro deste ano.
O período de internação de 360 dias de Marcola e dos outros 14 líderes da organização criminosa termina em 7 de fevereiro de 2020. Porém, dois meses antes do encerramento desse prazo, a SAP já pode pedir a renovação da permanência dos presos nas unidades federais.
Assim foi feito com outros chefes do PCC, como Paulo Cézar Souza Nascimento Júnior, o Paulinho Neblina, removido para presídio federal na segunda semana de setembro de 2018.
O prazo de internação dele na Penitenciária Federal de Porto Velho venceu em 13 de setembro deste ano. Em 31 de julho, o secretário executivo da SAP, Luiz Carlos Catirse, enviou à Justiça o ofício 150/2019 pedindo a renovação da permanência de Neblina no presídio federal.
No documento (leia na íntegra), Catirse menciona que o detento “ocupa cargo de alto escalão na estrutura hierárquica da facção criminosa e que é de alta periculosidade”.
Pessoas ligadas ao Neblina disseram que ele emagreceu 22 kg no presídio federal por ser portador da Doença de Crohn, uma síndrome que afeta o intestino, provocando fortes dores abdominais. Amigos dele afirmaram ainda que o quadro de saúde do preso se agravou nos últimos dias.
Além de Marcola, a SAP quer internado até fevereiro de 2021 em presídios federais o irmão dele, Alejandro Juvenal Herbas Camacho Júnior, e Júlio César Guedes de Moraes, o Julinho Carambola, número 2 do PCC.
A pasta defende ainda as internações por mais 360 dias em unidades federais, dos presos Márcio Luciano Neves Soares, o Pezão; Pedro Luiz da Silva Moraes, o Chacal; Reinaldo Teixeira dos Santos, o Funchal; e Alessandre Garcia de Jesus Rosa, o Sandrinho.
Completam o time dos 15 Alexandre Cardoso da Silva, o Bradock; Antonio José Muller Júnior, o Granada; Daniel Vinícius Canônico, o Cego; Fernando Gonçalves dos Santos, o Azul; Lourinaldo Gomes Flor, o Velho Lori; Lucival de Jesus Feitosa, o Val do Bristol; Luís Eduardo Marcondes de Barros, o Du da Bela Vista; e Patric Uelinton Salomão, o Forjado.
Todos esses pedidos formulados pela SAP são analisados – e geralmente acolhidos – pelo Ministério Público Estadual e pela Corregedoria dos Presídios do Estado de São Paulo.
Os 15 presos citados cumpriam pena na Penitenciária 2 de Presidente Venceslau, no Interior de São Paulo, e foram removidos para o sistema federal após a descoberta de um ousado plano para resgatá-los, em meados de 2018.
Segundo apurou o Serviço de Inteligência da SAP, o plano previa o uso de aeronaves, helicópteros, veículos blindados e até armamento de guerra, como metralhadora calibre 50, capaz de derrubar avião.
A SAP foi procurada pela reportagem e questionada se já havia feito à Justiça o pedido de renovação por mais um ano dos 15 presos no sistema penitenciário federal.
Em nota, a pasta respondeu que “por se tratar de informação de segurança, não fornece detalhes sobre movimentações, internações em RDD e/ou prorrogações de permanência de presos em unidade do sistema penitenciário federal”.