Suposto militar promete 10 mortes em represália ao assassinato de soldado no RJ

    Homem se apresentou como cabo Torres e presidente da SOS Militares; polícia deteve na madrugada desta terça-feira (2/12) três suspeitos de matar soldado
    Cabo Torres
    Trecho do vídeo do “cabo Torres”

    Um homem fardado, que se apresentou como cabo das Forças Armadas, prometeu em um vídeo que vazou no Facebook nesta terça-feira (2/12), a morte de “pelo menos” 10 pessoas no Rio de Janeiro, em represália à tortura e ao assassinato do cabo do Exército Ryan Procópio, de 23 anos, que atuava na UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) da Vila Kennedy, na zona oeste da cidade. Na rede social, mais de 10,5 mil pessoas compartilharam o vídeo.

    [alert type=”e.g. block, error, success, info” title=””]“Queria pedir a atenção de cada um dos senhores aí do Rio de Janeiro. Militares, agentes de segurança, guardiões da legalidade, no modo geral. Pra cada militar que vier cair [morrer] aí no Rio de Janeiro, no mínimo dez imundos e cretinos nós estaremos devolvendo mortos para os seus familiares, em especial para os direitos humanos”, afirmou o fardado cabo Torres, presidente da “SOS Militares“.[/alert]

    O movimento “SOS Militares”, segundo sua própria descrição, é promovido por militares e ex-militares das Forças Armadas, “vítimas de injustiças sofridas no serviço ativo e em litígio com a instituição”. Com sede em Brasília, a organização afirma ter apoio de militares das Forças Armadas de todo o país, além do da ROTAM do Distrito Federal.

    “Vamos encher o inferno de imundos e de desgraçados até dezembro. Antes do dia 24 de dezembro, estaremos devolvendo todos eles mortos para os seus familiares”, disse o cabo. “Você, vagabundo, seu rasgado, desgraçado, se prepara. Sua hora está chegando. Tudo tem início, meio e fim. Eu estou velando teu fim”, prometeu o militar.

    Procópio, irmão de um tenente do Bope (Batalhão de Operações Especiais) e filho de um sargento do mesmo batalhão, foi sequestrado no dia 24 de novembro deste ano, enquanto estava de folga. Ele foi encontrado morto com sinais de tortura e cinco marcas de tiro nas costas dentro de um carro perto da avenida Brasil, em Bangu, zona oeste do Rio. A Polícia Civil ainda apura se o assassinato foi uma retaliação promovida por traficantes.

    O corpo do soldado foi enterrado às 16h30 do dia 25/11, no Cemitério Jardim da Saudade, em Sulacap, zona oeste. O comandante-geral da Polícia Militar do Rio, Íbis Pereira, acompanhou o enterro. O coronel Frederico Caldas, coordenador das UPPs, afirmou, em nota, que os indícios apontam para uma possível tentativa de roubo. “A princípio, não era uma ação voltada para um policial, muito menos de UPP. Não há dúvida de que manteremos operações até que esses marginais sejam identificados e presos”, afirmou.

    A polícia prendeu na madrugada desta terça-feira (2/12), três suspeitos de participar da tortura e do assassinato do soldado Ryan Procópio. A prisão de dois adultos e a apreensão de um menor de idade ocorreram próximo da avenida Brasil. A polícia diz que encontrou um fuzil com o trio. Segundo os policiais, o menor confessou ter participado do crime. Os suspeitos são da comunidade do Taquaral, em Senador Camará, na zona oeste da cidade.

    Procurado, o Exército afirmou, em nota, que sempre age dentro das leis, normas e regulamentos vigentes no país. “A instituição não compactua com qualquer tipo de irregularidade, repudiando veementemente atitudes dessa natureza. É importante destacar que o Exército confia e acredita nas instituições responsáveis pelo esclarecimento do fato, dentro dos parâmetros legais”.

    As Forças Armadas disseram, ainda, que a força terrestre está cooperando com as outras instituições responsáveis por tomar todas as providências previstas para a solução do ocorrido.

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