Investigado por injúria e ameaça, vendedor Garo Chamilian nega acusações: ‘hoje em dia qualquer coisinha é homofobia’
Nesta quarta-feira (19), por voltas das 20h, Vinicius Teixeira de Sousa, 23 anos, que é caixa no supermercado Carrefour, na avenida Rebouças, em Pinheiros, zona oeste da cidade de São Paulo, estava trabalhando quando um cliente, o vendedor Garo Chamilian, chegou a um caixa ao lado do seu para ser atendido.
Sousa conta que foi tirar uma dúvida sobre certa função de serviço e o senhor que estava sendo atendido começou a alterar a voz, dizendo pra ele fazer o trabalho dele quieto, sem falar com a sua colega, porque estava atrapalhando o atendimento.
Sem entender a atitude do cliente, Sousa voltou a trabalhar. Em seguida, Chamilian teria questionado o caixa e dito: “você não sabe com quem está mexendo”. Na sequência, o cliente teria tentado ofendê-lo a partir da condição sexual dele. “Se você não tirar essa bicha do caixa, eu vou dar na cara dele”, teria dito o cliente à superiora de Sousa.
A supervisora foi até o caixa onde estava o funcionário e falou que era pra ele sair de lá, porque o cliente tinha dito que voltaria para agredi-lo. “Eu não vou sair, eu vou continuar aqui”, afirmou Sousa. Logo em seguida, Chamilian teria voltado e batido na mesa, perguntando o que ele estava falando, em tom de intimidação.
“Eu não posso trabalhar com celular, ninguém me deu um aparelho pra eu poder ligar pra polícia, eu não tive nenhum suporte”, alega o operador de caixa. Ele só pode contatar a polícia na hora em que terminou o expediente.
Um oficial da PM chegou a ir ao local um tempo depois, mas disse que no momento não poderia fazer nada, pois o cliente que o teria ameaçado não estava mais lá.
Posteriormente, um dos gerentes da loja teria reclamado com Sousa: “toda vez que acontece isso, vocês tão ligando pra polícia, deslocando os polícias pra resolver isso?”. Sousa disse que seus superiores não se importaram com sua segurança do funcionário. “O cliente pode matar a gente lá e pra eles é poucas coisa”, diz.
Por volta das 23h30, Sousa se dirigiu sozinho ao 14º DP (Pinheiros) para abrir um boletim de ocorrência. “A empresa não deu nenhum suporte pra mim”, afirma. Como homofobia não é crime, a ocorrência registrada foi de injúria e ameaça.
A Ponte contatou por telefone o denunciado, Garo Chamilian, que nega todas as acusações. “Eu não falei isso. Tenho dois amigos homossexuais, eu até convivo com eles, eu não sou homofóbico, longe disso. Na minha família também tem. Eu não falei isso, ele tá maluco. Eu falei que esse tipo de gente não poderia trabalhar ali atendendo as pessoas. E olha, me desculpe, mas hoje em dia qualquer coisinha é homofobia, assédio sexual e já que tudo isso aconteceu, agora eu que vou processar o Carrefour”, disse o empresário.
Em nota, a rede de Carrefour alegou que “tem como um dos seus principais pilares de atuação valorizar a diversidade, por isso, repudia veemente qualquer tipo de discriminação” e que “assim que percebeu a atitude do cliente para com seu colaborador, sua equipe interveio de forma rápida para qualificar e orientar o funcionário, coibindo qualquer outra forma de agressão e iniciando o diálogo respeitoso, porém firme, já que a companhia não tolera ou mesmo convive com práticas de discriminatórias”. Por fim, afirma que tem “interesse para que este caso seja apurado com rigor, contribuindo em todo o processo”.
Em 10 de novembro, as testemunhas que estavam no lugar na hora do acontecimento prestarão depoimento no 14º DP.