‘Tiroteio faz parte da história da comunidade’, diz ministro sobre Rocinha

    Segundo o ministro da Defesa, Raul Jungmann (PPS), aprovação de lei que transfere julgamento à Justiça Militar de militares não afetará atuação das tropas

    Ministro da Defesa, Raul Jungmann, aprova atuações de GLO das Forças Armadas no Rio | Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

    O ministro da Defesa, Raul Jungmann (PPS), declarou nesta terça-feira (17/10) que tiroteios “fazem parte” do cotidiano da Favela da Rocinha, no Rio de Janeiro. A comunidade tem recebido constantes ações de GLO (Garantia da Lei e da Ordem) das Forças Armadas em meio à conflitos da polícia com traficantes.

    “Na Rocinha, quando nós chegamos, tínhamos uma guerra promovida por um bandido a 5 mil quilômetros de distância, o que levou àquela situação agravada. Hoje, não existe mais isso. Existe tiroteio na Rocinha, infelizmente faz parte da história daquela comunidade”, argumentou Jungmann, em evento da Força Aérea Brasileira, realizado em São Paulo.

    A primeira intervenção das Forças Armadas na Rocinha aconteceu em junho deste ano para auxiliar a polícia carioca no combate ao tráfico de drogas local. Um novo chamado do governador carioca, Luiz Fernando Pezão (PMDB), aconteceu em setembro passado.

    Forças Armadas atuaram duas vezes na capital fluminense: em junho e setembro deste ano | Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

    Segundo o ministro, a participação das tropas federais deve ser temporária. “Não temos a pretensão de ficarmos patrulhando, como as pessoas pedem. Quando você fica patrulhando muito tempo, o crime tira férias. Ele se retrai e, quando a gente sai, eles voltam, muitas vezes pior”, apontou.

    Na segunda-feira, o presidente Michel Temer (PMDB) sancionou o projeto de Lei da Câmara de n° 44/2016, que trata justamente de ações GLO. O projeto transfere o julgamento de agentes do Estado que praticarem crimes contra civis da justiça comum para a justiça militar. Especialistas consideram esta lei uma espécie de “licença para matar”.

    Raul Jungmann garante que a mudança na lei não afetará o modus operandi de suas tropas. “Esse atendimento não inclui combate direto ao crime organizado, até porque não é papel do Exército. Isso cabe, sobretudo, às policias, que sobem à comunidade”, garante, antes de avaliar a atuação das Forças Armadas nas duas intervenções no Rio de Janeiro.

    “Está muito bem hoje. Nós tivemos algumas dificuldades e conflitos. Afinal, você tem dez organizações policiais e militares participando de operações que envolvem, às vezes, 10 a 11 mil homens. Fizemos ajustes de atitudes e hoje isso se encontra superado”, diz.

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