Torcida pró-Bolsonaro agride estudante com boné do MST no Paraná

    Aos gritos de ‘Aqui é Bolsonaro!’ estudante é agredido com garrafada na cabeça; prédio de universidade federal também foi vandalizado

    Estudante teve cabeça cortada após golpe com garrafa de vidro | Foto: Facebook DCE UFPR

    Na noite desta terça-feira (9/10), o estudante da UFPR (Universidade Federal do Paraná) Khalil Turt usava um boné do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), quando foi agredido com garrafas de vidro por um grupo ligado a uma torcida organizada aos gritos de “Aqui é Bolsonaro!”, segundo o DCE (Diretório Central Estudantil) da instituição. O grupo denunciou o espancamento em nota oficial na página do Facebook. Além disso, ainda segundo a organização estudantil, vidraças na Biblioteca Central e na Casa da estudante universitária foram quebradas.

    “A justificativa da agressão foi o uso de um boné do MST pelo estudante. Resistiremos à barbárie, ao fascismo e à violência. Mais do que nunca, a democracia, o diálogo e a tolerância precisam prevalecer”, diz um trecho da nota. O nome da vítima não foi divulgado. O post teve mais de 35 mil compartilhamentos até o momento. Outros Diretórios Acadêmicos de universidades da região também manifestaram repúdio, como o DCE da Universidade Positivo.

    Vidraças da biblioteca e casa do estudante foram quebradas | Foto: Facebook DCE UFPR

    Entre os comentários, muitos lamentando os crescentes casos de violência dos últimos dias e outros defendendo o capitão, utilizando um discurso de que agora “tudo é culpa do Bolsonaro”. Um dos comentários alegava que não havia como comprovar que, de fato, os agressores tinham gritado o nome do candidato do PSL porque o ataque não havia sido gravado por nenhum celular. O argumento é o mesmo usado pelo ex-prefeito de São Paulo, João Doria, quando confrontado por causa de uma denúncia veiculada pela Rádio CBN, para desqualificar o trabalho de uma repórter. Meses depois, um vídeo surgiu comprovando o que a reportagem já apontava.

    Fachada da Universidade Federal do Paraná | Foto: Facebook DCE UFPR

    Nesta quinta-feira (11/10), o DCE marcou uma reunião aberta em que serão discutidos tanto a agressão ao jovem, quanto estratégias de mobilização a serem realizadas até o segundo turno das eleições, que acontecerá no dia 28/10, quando a população vai escolher entre Fernando Haddad (PT) e Jair Bolsonaro (PSL).

    “O cenário brasileiro atual exige luta. Luta contra o preconceito, o racismo, a misoginia, a LGBTfobia e todo e qualquer forma de discriminação. A batalha em favor da democracia e pela diversidade é diária e, em momento como este, em que há uma crescente onda discriminatória e fascista, o movimento estudantil precisa levantar sua voz. O DCE da UFPR, com seus mais de 70 anos de existência, símbolo de resistência nos momentos mais adversos da história de nosso estado e nosso país, conclama os/as estudantes a envolverem-se e unirem-se pelo #ELENÃO”, diz a convocatória.

    A Ponte tentou contato com o DCE para saber a qual time pertence a torcida organizada envolvida na agressão, mas, até o momento, não houve retorno.

    De acordo com o Paraná Portal, a Universidade Federal se manifestou por nota em que repudiou a violência e informou que um boletim de ocorrência foi registrado. “A Universidade Federal do Paraná lamenta profundamente o ato de violência ocorrido em frente às suas dependências. Um membro da comunidade foi vítima de agressão física, aparentemente por seu posicionamento político. Ele já foi encaminhado para atendimento médico e não corre risco de morte. Vidros foram quebrados na Biblioteca Central e na Casa da estudante universitária”, diz um trecho da nota.

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