Grupo Corpo apresenta os espetáculos ‘Gira’ e ‘Bach’, em São Paulo, e faz a arte cumprir seu papel de quebrar barreiras e abrir caminhos para a tolerância e para a reflexão
Gira no candomblé e na umbanda, de acordo com o dicionário, se refere as rodas de fiéis em que se cultuam com cânticos e danças rituais, girando em círculo, as entidades do terreiro ou centro. Também é a inspiração e dá o nome ao novo espetáculo do Grupo Corpo, que está em cartaz no Teatro Alfa até o dia 13/08.
O tema foi sugerido pelo Metá Metá, trio que assina a trilha sonora. Como em trabalhos anteriores do Grupo Corpo, a música é o fio condutor da coreografia Gira. Metá Metá, que em iorubá significa três ao mesmo tempo, é formado por Juçara Marçal (voz), Thiago França (sax) e Kiko Dinucci (guitarra) – com reforço de Sergio Machado (bateria, sampler e percussão) e Marcelo Cabral (baixo elétrico e acústico).
Foram eles que produziram uma coleção de temas/ canções que aos poucos vão sendo materializadas nos corpos dos bailarinos e se transformando em um espetáculo de dança. A trilha conta com as participações especiais do poeta, ensaísta e artista plástico Nuno Ramos, que assina uma das letras, e da cantora Elza Soares e será lançada em CD.
A proposta gerou um intenso trabalho de pesquisa realizado por Rodrigo Pederneiras, o coreógrafo da companhia. O resultado está impresso no corpo dos bailarinos. Eles executam movimentos baseados nas danças rituais e ao mesmo tempo dão sequência ao vocabulário coreográfico de Rodrigo, marca registrada do Grupo Corpo. Uma fusão que só um grande artista consegue fazer. Sem dúvida, Gira é um divisor de águas dentro da trajetória da companhia.
Esta é a primeira vez que o Corpo se aproxima das religiões de matriz africana em seus espetáculos. “Foi uma novidade para nós, um tema riquíssimo com o qual não tínhamos contato nenhum. Fomos pesquisar a complexidade dessa história, visitamos terreiros e descobrimos um ambiente maravilhoso, humano e vivo que enfrenta inúmeros estigmas”, conta Paulo Pederneiras, que assina a cenografia.
Além da dança intensa, o palco assume a representação simbólica de um terreiro. Um quadrado de linóleo negro. O espaço é ‘tomado’ pela luz. Não há coxias nem nas laterais, nem no fundo. Vinte e uma cadeiras estão alinhadas e ali os bailarinos se sentam quando estão fora de cena e se cobrem com um tule negro.
O programa em cartaz no Teatro Alfa também conta com a apresentação de Bach, coreografia de 1996, que remete as músicas do compositor barroco. Está em cena a necessidade de transcender, de seguir para o alto em direção ao céu. Toda a movimentação é vertical, e os bailarinos contam com o auxílio de tubos dispostos no cenário, presos no teto. Tubos que também remetem aos órgãos tocados nas catedrais.
Diferentes manifestações de fé em cena. Em tempos de intolerância e, em muitas situações, de desrespeito à diversidade religiosa, apresentar Gira e Bach juntos no mesmo programa, neste contexto atual, é um ato de resistência. A arte cumprindo seu papel de quebrar barreiras e abrir caminhos para a tolerância e para a reflexão.
Serviço:
SÃO PAULO
4 a 13 de agosto
TEATRO ALFA – Rua Bento Branco de Andrade Filho, 722, Santo Amaro – (11) 5693-4000 | 0300 789-3377
Quartas e quintas: 21h . Sextas: 21h30 . Sábados: 20h . Domingos: 18h
Setores I e II R$ 160. Setor III R$ 90. Setor IV R$ 50
Crianças de até 12 anos, idosos, estudantes e professores da Rede Pública de São Paulo pagam meia entrada. Desconto de 50% na compra de até 2 ingressos para a força de trabalho da Petrobras com crachá e para clientes do Cartão Petrobras mediante apresentação do mesmo.
Venda na bilheteria do teatro de segunda a sábado das 11h às 19h, domingos das 11h às 17h, e, em dias de espetáculo, até o início do mesmo.
Venda online: www.ingressorapido.com.br
Ingressos em domicílio: Call Center Ingresso Rápido 11 4003-1212
Atendimento de segunda a sábado das 11h às 19h e domingos e feriados das 11h às 17h.