Imagens mostram ao menos cinco guardas em cima de Renato Freitas (PT) para algemá-lo e arrastá-lo até viatura; parlamentar afirma que foi agredido e imobilizado quando protestava contra Bolsonaro na rua e um homem o chutou e chamou a GCM
O vereador de Curitiba Renato Freitas (PT) foi detido pela GCM (Guarda Civil Metropolitana) na noite desta sexta-feira (23/7). Imagens divulgadas nas redes sociais do parlamentar mostram ao menos cinco guardas em cima dele, para algemá-lo, e o arrastam até a viatura. Freitas não resiste à prisão.
Em outra filmagem, gravada em frente à Central de Flagrantes do bairro Portão, Renato explica que estava na Praça Rui Barbosa com um megafone protestando contra Jair Bolsonaro quando um homem teria se identificado como policial e teria dado voz de prisão para ele alegando violação da Lei de Segurança Nacional por pedir o impeachment. “Eu falei que isso não existia e continuei [gritando] ‘Fora, Bolsonaro’. Nisso, ele voou em cima para pegar o megafone”, conta. “E eu fui para trás, ele deu um chute em mim e eu falei ‘não’, colocando a mão na frente, e ele veio que nem louco me agredir”.
O parlamentar afirma que, para se defender, empurrou o megafone para frente. “Foi um espasmo, quase uma reação automática, eu bati o megafone nele e bateu no rosto dele de fato”, ao indicar o dedo para o lado do rosto, onde o homem teria sido atingido. “Daí ele ficou mais possesso, vim para trás, [as pessoas] tentaram separar”, prossegue. Nesse momento, o homem teria chamado a GCM. “Eu expliquei a situação, tem uma câmera em cima e expliquei para pegarem as imagens”, disse, e, depois disso, afirma que foi imobilizado pelos guardas, jogado no chão, recebido um mata-leão, golpe que imobiliza o pescoço, e colocado no porta-malas da viatura. “Eu fiquei como agressor de uma situação que ele [homem] incitou”, lamentou. Renato ainda disse que os guardas pressionaram seu rosto no chão para “fotografá-lo como um troféu”.
Mais tarde, a assessoria do vereador fez um posicionamento no Twitter na qual apontou que a atuação da GCM “escancara todo o racismo e a truculência das forças policiais de Curitiba”.
Essa é a segunda vez em um mês e meio que o parlamentar é detido por forças de segurança. No mês passado, policiais militares do 12º Batalhão da PM do Paraná o mantiveram detido por três horas sob a alegação de desobediência e resistência. Na ocasião, o vereador estava com amigos jogando basquete em uma praça na cidade e ouvindo música. A PM diz que foi até o local para atender uma denúncia anônima de perturbação de sossego por conta do som alto. Os policiais abordaram o grupo e pediram para que o volume do som fosse abaixado. Renato, que é advogado, começou a questionar a abordagem.
Em nota, a assessoria de comunicação do vereador disse que a abordagem em questão estava acontecendo “de forma inadequada, ferindo direitos fundamentais”. Ao questionar a abordagem da PM, Renato também foi levado à força pelos policiais. Nas imagens, é possível ver que, após o pedido, Renato intervém e segura a caixa de som, dizendo que a atuação era ilegal. Em seguida, os policiais retiram a caixa de som à força das mãos do vereador e depois derrubam o objeto no chão. A discussão segue, até que um dos policiais anuncia que um dos envolvidos (o que estava com a caixa de som) seria levado para o batalhão da PM por perturbação de sossego e Renato por ter atrapalhado o procedimento da polícia.
O vereador e seu amigo foram conduzidos de forma truculenta até a base móvel da PM e, na sequência, encaminhados para o batalhão. De acordo com nota divulgada pela PM, a operação seguiu as técnicas da corporação e “respeitou os Direitos Humanos”.
O que diz a GCM
Questionada sobre a abordagem pela Ponte, a assessoria da prefeitura de Curitiba encaminhou a seguinte nota:
A Guarda Municipal informa que o vereador Renato Freitas foi detido, no fim da tarde desta sexta-feira (23/7), depois de agredir um homem e resistir ao encaminhamento para a Central de Flagrantes.
O homem disse aos guardas municipais ter sido agredido pelo vereador com um megafone e por outras pessoas que o acompanhavam numa manifestação na Praça Rui Barbosa. Antes da detenção, o vereador foi convidado a acompanhar os guardas, mas resistiu. Caberá agora à polícia civil dar os devidos encaminhamentos.
O que diz a Polícia Civil
A reportagem também procurou a assessoria da corporação que respondeu* que “foram lavrados termos circunstanciados contra o envolvidos. O vereador irá responder por lesão corporal e desobediência. Já o outro envolvido responderá por usurpação de função pública”.
*Reportagem atualizada às 17h52, de 26/07/2021, após recebimento de nota da Polícia Civil do Paraná.
Correções
*Reportagem atualizada às 17h52, de 26/07/2021, após recebimento de nota da Polícia Civil do Paraná.