Abel Pacheco foi o último dos 51 acusados na Operação Ethos, que apurou envolvimento de advogados com célula jurídica da facção, batizada de ‘sintonia dos gravatas’, a ser julgado
A Justiça condenou nesta terça-feira (26/3) o preso Abel Pacheco de Andrade, o Vida Loka, número 2 na hierarquia do PCC (Primeiro Comando da Capital) a mais 30 anos de prisão. Ele foi o último dos 51 réus julgados na Operação Ethos, que apurou o envolvimento de advogados com a célula do PCC chamada de “sintonia dos gravatas” ou o braço jurídico da organização criminosa.
O juiz Gabriel Medeiros, da 1ª Vara Criminal de Presidente Venceslau, condenou os 51 réus, entre eles Luiz Carlos dos Santos, ex-vice-presidente do Condepe (Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana). Santos foi acusado de receber mesada mensal de R$ 5.000 do PCC para divulgar falsas notícias de violações dos direitos humanos no sistema prisional paulista.
O preso Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola, número 1 do PCC, também foi condenado a 30 anos. Ele foi apontado como o presidente do conselho deliberativo da facção. Marcola foi transferido no último dia 22 para a Penitenciária Federal de Brasília, mesma unidade onde cumprem pena Vida Loka e Roberto Soriano, o Tiriça, o número 3 do PCC.
Esses três presos integram a sintonia final geral da organização e estavam isolados desde 2012, quando Tiriça foi removido pela primeira vez da Penitenciária 2 de Presidente Venceslau para um presídio federal.
O reencontro dos três agora, na mesma prisão, preocupa o governo e as autoridades policiais de Brasília. O governador Ibaneis Rocha criticou a transferência e disse que a presença dos líderes do PCC em Brasília vai atrair outros criminosos do grupo para a capital federal.
O presidente da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) do Distrito Federal, Délio Lins e Silva, afirmou que “o novo presídio trará vários Marcolas para Brasília”. Já o ministro da Justiça e da Segurança Pública, Sérgio Moro, em entrevista nesta terça-feira (26/3) aos jornalistas Eduardo Barão e Carla Bigatto, da Rádio BandNews FM, garantiu que o reencontro dos três líderes do PCC na mesma prisão não oferece o menor risco à população, pois eles estão isolados e não têm em Brasília o poder que têm em São Paulo.