Menino de 13 anos segurava bebê no colo quando foi agredido com um tapa no rosto. Corregedoria detém PMs para esclarecimentos
“Eu acordei com eles tirando foto de mim e dando risada. Inclusive, foram mostrar [as fotos] na delegacia pro meu sobrinho, falando que tinham me matado”. O depoimento é de Jair Jerônimo, de 42 anos. No vídeo, ele aparece sendo espancado por três soldados da Polícia Militar: César Sperandio de Aranda, Kalyl Bruno Silvério da Silva e Robson Wilson de Jesus. Todos os agredidos são da mesma família, sendo dois com menos de 18 anos de idade – inclusive o que tomou o tapa no rosto.
A agressão aconteceu no último final de semana. Os três garotos conversavam em uma rua da Vila Penteado, zona norte de São Paulo. Jefferson Jerônimo, de 24 anos, estava em liberdade condicional. O pai dele, Marcelo Sorrini, contou à Polícia Civil que o filho conversava com a namorada pelo WhastApp quando tudo aconteceu. Ela insistia para que o rapaz fosse buscá-la ali perto, mas ele decidiu não sair das proximidades de onde mora justamente por ter passagem na polícia.
Para convencer a companheira, tirou uma foto dos policiais da Rocam, da 1ª Companhia do 47º Batalhão, que passavam por ali. Os PMs teriam percebido e abordaram o rapaz. Quando revistado, os policiais teriam encontrado um celular roubado com Jefferson e o prenderam por isso. Ele é o primeiro jovem que aparece entrando na viatura. O segundo, de amarelo e de apenas 17 anos, também é agredido. O terceiro a sofrer agressões no vídeo é outro adolescente, de apenas 13, que aparece segurando uma criança no colo.
Segundo familiares, ele questionou os policiais militares sobre o motivo de tanta fúria. A resposta: um tapa na cara. O pai dele, ao lado, não aguentou e reagiu afastando o braço do PM de perto do filho. Dessa vez, a resposta veio em forma de espancamento. Depois de ser arrastado a socos e pontapés, ele desmaia e é detido. “Eu não tava mais escutando nada, que eles tavam pisando na minha cabeça, pode ver como meu rosto tá todo ralado, minha testa”, disse Jair Jerônimo.
De acordo com o Boletim de Ocorrência, os policiais militares disseram que Jefferson portava um celular roubado no momento da abordagem. A família do rapaz nega essa versão da história. Marcelo Sorrini, pai dos meninos, relata que tem várias testemunhas que podem comprovar que viram Jefferson com apenas um celular durante a abordagem. Para Marcelo, o segundo celular pode ter sido forjado pelos PMs. “Eles apagaram todo o histórico da conversa do meu filho com a namorada dele e apresentaram um outro celular, roubado, na delegacia”, afirma.
De acordo com a SSP (Secretaria da Segurança Pública), a Corregedoria da PM já deteve os três PMs envolvidos no caso para que eles prestem esclarecimentos. Na última terça-feira (31/01), a Corregedoria recebeu a denúncia de agressão, junto com o vídeo registrado por um cinegrafista amador, que mostra as agressões. Alguns familiares das pessoas agredidas já foram ouvidos.