Vídeo flagrou agressão, que durou quase 10 minutos, em bairro pobre de São Luís (MA); para ativista, ação revela que PM “se pauta sob o aspecto de raça e de classe”
Uma mulher foi derrubada e agredida, com apertos e empurrões por quase 10 minutos por um PM em Praia Grande, bairro pobre no centro de São Luís, capital do Maranhão, por volta de 1h da madrugada desta segunda-feira (5/10). Segundo uma testemunha ouvida pela Ponte, ela estava saindo de uma roda de samba na mesma rua.
Praia Grande fica perto do Desterro, local onde o atleta de caratê Yan Santos Arouche, 20 anos, foi abordado com violência por PMs do Batalhão Tiradentes, que realiza patrulhamento com motos, em julho de 2020.
Nas imagens, é possível ver dois PMs. Um policial está em pé, no celular, e com uma arma na mão. O outro está imobilizando a mulher, apoiando o peso do corpo contra o peito dela, que está jogada no chão.
Um homem negro, que está em pé, de camiseta e bermuda, se aproxima e grita para a mulher “ele é policial, porra”. Na sequência, esse mesmo homem fala para o policial “assim não”, mas o policial que está em pé entra na sua frente. Como resposta, o homem fala “eu vou filmar então, eu vou filmar”.
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Nesse momento o policial que estava em cima da mulher a levanta e empurra contra a parede falando “você vai para a delegacia”. O policial, sem deixar a mulher sair, continua “você me xingou, você vai aprender a não xingar policial em serviço”. Como resposta, a mulher diz “você me chamou de puta”.
Ela tenta se mexer, mas o policial responde: “Larissa, não faz isso, eu vou te machucar”. O homem de trajes civis começa a filmar e fala “eu tenho o direito de filmar”, quando o outro policial o tenta impedir, enquanto diz “não reage” para a mulher.
O homem continua a filmar e fala: “é meu direito, se ele agredir ela sem ela reagir, é meu direito”. O PM que a imobiliza segue falando “você vai para a viatura”. A ação continua por mais 5 minutos, enquanto o PM não larga o braço da mulher, que não para de chorar.
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Após alguns minutos, chegam mais quatro policiais de capacete. Três vão para perto do homem com trajes civis e um para perto do PM, que segue imobilizando a mulher.
O advogado Diogo Cabral, integrante da SMDH (Sociedade Maranhense de Direitos Humanos), lembra que “os ataques e ameaças à juventude, seja por ações do crime organizado, seja por ações de agentes públicos, não são novos”.
“Percebemos um aumento da violência policial em todo o país, o que é assustador. Recentemente, presenciamos dois vídeos de policiais torturando mulheres negras nas periferias de São Paulo e de Macapá. Há, sob influência de Jair Bolsonaro, um agravamento assustador da violência policial”, aponta.
Para Cabral, o vídeo revela que “a atuação da Policia Militar se pauta sob o aspecto de raça e de classe, que o atual modelo de polícia, do ponto de vista estrutural, fomenta por si uma ação violenta e que existe, infelizmente, uma legitimidade social para esse agir violento da polícia, combinada com a espetacularização da violência”.
Outro lado
A reportagem procurou a Secretaria da Segurança Pública do Maranhão e aguarda retorno.
[…] Com informações da PonteJornalismo […]