Condepe questionará governo paulista sobre busca a cinco jovens desaparecidos

    Em reunião com o secretário de Segurança Pública de São Paulo nesta sexta-feira (04/11), as mães dos rapazes e o Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana cobrarão empenho e esclarecimentos sobre o que já teria sido investigado

    Caramante
    Amigos estão desaparecidos – Foto: Arquivo Pessoal

    No primeiro encontro entre as mães dos cinco jovens desparecidos há duas semanas na Zona Leste de São Paulo, e o secretário estadual de Segurança Pública Mágino Alves Barbosa Filho, nesta sexta-feira (04/11), o governo de Geraldo Alckmin (PSDB) será cobrado a se empenhar nas buscas e a esclarecer sobre o que de fato já foi investigado e o que existe de conclusão preliminar do caso.

    O Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana (Condepe), que participará da reunião, questionará também se o COE (Comandos e Operações Especiais), da Polícia Militar, foi ou será acionado. A unidade é especializada em operações em locais de difícil acesso ou alto risco, como matas fechadas.

    César Augusto Gomes Silva, de 19 anos, Jonathan Moreira Ferreira e Caique Henrique Machado Silva, ambos de 18, Robson Fernando Donato de Paula, 16, e Jonas Ferreira Januário, 30, sumiram na noite de 21 de outubro após, supostamente, serem abordados por policiais militares próximo ao Jardim Santo André, na divisa entre a capital e os municípios de Santo Andre e Mauá, na Grande São Paulo. O carro em que estavam foi localizado um dia depois do desaparecimento, às margens do rodoanel Mário Covas.

    Adriana Moreira Nogueira, mãe de Jonathan, contou à reportagem da Ponte Jornalismo que as buscas em matas da região têm sido feitas por familiares e amigos dos jovens, mas sem a ajuda da polícia. “Nós saímos em comboio à busca dos meninos em mata, em vários lugares. Nem eles [a polícia] estão procurando, que dirá mandar alguém [especializado]”, disse, resignada.

    Para o advogado e membro do Condepe Ariel de Castro Alves, as buscas pelo COE deveriam ter sido iniciadas já nos primeiros dias, na região do rodoanel Mário Covas onde o veículo foi localizado. Alves diz que o Departamento Estadual de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHHP), da Polícia Civil, está atuante, com diligências e tomadas de depoimentos diários, mas sem nenhuma pista ainda.

    Unidade especializada

    O COE, lotado no 4º Comando de Policiamento de Choque, possui treinamento e equipamentos especiais para buscas em locais de difícil acesso, como o ponto em que foi localizado o carro em que os rapazes se dirigiam do Jardim Rodolfo Pirani, na região do parque São Rafael, bairro onde as famílias residem, para uma festa em uma chácara em Ribeirão Pires, na Grande São Paulo. A região do rodoanel é exatamente a área de atribuição da unidade de elite, a mais preparada das unidades policiais militares do país para entrar na Mata Atlântica.

    No ano passado, o governador Geraldo Alckmin gastou R$ 3 milhões para a construção de uma nova sede para o batalhão, no Mandaqui (Zona Norte da capital) e compra de equipamentos. “A Polícia Militar tem uma grande expertise em áreas muito especializadas. O COE tem uma equipe muito treinada para áreas inóspitas, região de serra, cachoeira, matas fechadas, desde São Paulo até a divisa com o Paraná. O litoral de São Paulo é uma mata Atlântica, extremamente fechada, então eles têm uma experiência grande e são extremamente preparados para esse trabalho”, afirmou Alckmin por ocasião da inauguração.

    Juntamente à frota de helicópteros Águia, os homens do COE resgatam pessoas perdidas ao entrar na mata atrás de diversão e cachoeiras, mas também vítimas de homicídio. Entre suas ações mais notáveis está as buscas e a localização dos corpos das vítimas de Francisco de Assis Pereira, o Maníaco do Parque, que em 1998 matou e estuprou quase uma dezena de mulheres no Parque do Estado, na Zona Sul de São Paulo.

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