Para procurador Roberto Tardelli, quem defende a redução da imputabilidade penal não acredita que ela chegue a sua casa. Ele provoca: você vai imaginar seu filho internado num instituição correcional porque um dia ele cometeu um furto com arma de brinquedo?
Procurador de Justiça aposentado (SP), Conselheiro Editorial do Portal Justificando.com e Presidente de Honra do Movimento de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente, Roberto Tardelli diz, no quinto vídeo da série Sobre Crimes e Castigos, que o que motiva a proposta de redução da maioridade penal é uma raiva que a sociedade tem dos adolescentes mais pobres:
“Na verdade o que justifica essa redução é uma raiva que a gente tem dessa molecada na rua, isso nos dá um ódio, a gente tem um gosto de bater no filho dos outros que é uma delícia. A gente pensa em castigos terríveis para crianças alheias, mas nunca a gente consegue imaginar que essa redução de imputabilidade penal possa bater na nossa casa. Você vai imaginar seu filho internado num instituição correcional porque um dia ele cometeu um furto com arma de brinquedo? …. Isso vai melhorar alguma coisa na vida do seu filho?
Nesta semana, Ponte Jornalismo publica até sexta-feira, a série de vídeos “Sobre Crimes e Castigos”, um projeto documental que apresenta diversos pontos de vista sobre as contradições da proposta de redução da maioridade penal em pauta no Congresso Nacional.
Serão 10 entrevistas com estudiosos da criminalidade e operadores do direito (defensores, promotores, policiais, juízes, secretários de segurança pública, parlamentares) que, de dentro da máquina do Estado, tentam fazer ecoar uma voz alternativa às medidas punitivas predominantes.
O projeto “Sobre Crimes e Castigos” é de autoria de Marina Lima, roteirista, e de Vini Andrade, filósofo e cineasta.
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1o. vídeo: Alguém acredita que o sistema penitenciário brasileiro funciona?
2o. vídeo: A mídia leva a população a associar redução da maioridade penal com mais segurança, diz juiz
3o. vídeo: “O encarceramento sempre foi um instrumento de manutenção da ordem econômico-social”
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Quem faz:
MARINA LIMA (roteiro e direção) é roteirista graduada em direito e comunicação social. Há anos, sonha com o dia em que as leis do Brasil democrático sairão do papel.
VINI ANDRADE (roteiro e direção), filósofo de formação, investiga os motivos e os efeitos do ‘castigo’ no espectro do convívio em sociedade desde a graduação.
CAIO PALAZZO (fotografia e som) é fotógrafo e comunicador na ponte.org, onde investiga temas relativos à segurança pública.
FERNANDA LIGABUE (fotografia e som) é fotógrafa, videomaker e midiativista.
FELIPE CARRELLI (edição) é editor e cineasta. Dirigiu o documentário “Ano Luz” (2015).
LUÍZA FAGÁ (edição) é escritora, jornalista e cineasta. Dirigiu o documentário “Engarrrafados” (2009).
AMANDA JUSTINIANO (design gráfico) é artista gráfica, designer e idealizadora do Movimento Não Mate.