“Eu não ouvi falar uma vez que ele era policial”, diz fotógrafo que fez vídeo revelado pela Ponte nesta segunda (13); além do policial civil, PM que chutou jovem e se recusou a ajudar também foi identificada e afastada
O homem que aparece armado após xingar, agredir e coagir um jovem negro em frente à estação Carandiru do metrô, na zona norte da cidade de São Paulo, é um investigador da Polícia Civil de São Paulo. A informação foi divulgada incialmente pelo portal G1 e confirmada pela reportagem.
Na segunda-feira (13/11), a Ponte revelou imagens que mostram o homem, que se chamaria Paulo, cercando e perseguindo o menino que, por sua vez, só não correu o risco de ser baleado pois uma mulher o protegeu. Na ocasião, o jovem ainda foi chutado por uma policial militar que disse estar de folga e que só “poderia acionar o 190”, e ainda ameaçou de prisão um repórter fotográfico que contestou sua atitude.
Segundo a Secretaria de Segurança Pública (SSP-SP), assim que a Polícia Civil teve conhecimento da filmagem abriu um inquérito, identificou o homem como investigador e disse que a Corregedoria da corporação apura o caso.
Já a policial militar também foi identificada e está “está afastada dos serviços operacionais” até a conclusão das apurações do Inquérito Policial Militar (IPM). “A atitude é considerada grave, uma vez que não condiz com os procedimentos operacionais e preceitos fundamentais da Instituição. Todo policial militar deve agir prontamente sempre que presenciar um crime, estando ou não em serviço”, declarou a pasta.
Os nomes dos policiais não foram divulgados.
O repórter fotográfico que registrou a ação e encaminhou o vídeo para a Ponte disse que, enquanto esteve presente no local, o homem não se identificou como agente público. “Eu não ouvi falar uma vez que ele era policial”, disse. “Parecia que o rapaz tinha tentado furtar e a população reagiu. O cara oriental apontava a arma para ele, uma certa hora que ele viu que eu estava gravando colocou a arma na cintura, mas estava completamente fora de controle. Eu perguntei se ele tinha porte de arma e ele disse que tinha porte e posse”.
Dois coronéis aposentados da PM paulista entrevistados pela reportagem na terça-feira (14) também consideraram a atuação da policial como “grave” por entenderem que ela se omitiu diante de uma situação flagrante de ameaça e agressão contra o jovem e que o desfecho só não foi pior pois a mulher que aparece na gravação se coloca à frente do menino e pede para o homem parar de apontar a arma.