Movimentos feministas fizeram ato em frente ao Consulado da Espanha nesta sexta-feira (4/4). Grupo jogou tinta vermelha na calçada e espalhou cópias de cédulas de dinheiro representando fiança de 1 milhão de euros paga pelo jogador

Representantes de coletivos feministas fizeram um ato simbólico nesta sexta-feira (4/4) em frente ao Consulado da Espanha, no Jardim América, em São Paulo, contra a revogação da condenação de Daniel Alves. O ex-jogador foi absolvido da acusação de estupro pelo Tribunal Superior da Catalunha na última semana. Daniel havia sido condenado a quatro anos de prisão pelo crime em uma decisão de um tribunal de primeira instância.
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“Lugar de estuprador é na cadeia”, “Justiça cúmplice” e “dinheiro compra impunidade” eram algumas das frases presentes nos cartazes erguidos em frente ao consulado. O grupo também jogou tinta vermelha na calçada e espalhou cédulas de dinheiro representando a fiança de 1 milhão de euros paga pelo jogador para ser colocado em liberdade provisória. O pagamento ocorreu em março do ano passado, quando Daniel deixou a prisão.
O ex-jogador foi preso em janeiro de 2023 e ficou mais de um ano em detenção aguardando o julgamento. Em fevereiro de 2024, Daniel foi condenado por agressão sexual.

A decisão unânime do Tribunal Superior da Catalunha em absorver o jogador causou revolta. “A gente vê com muita preocupação mais um caso de impunidade passar em branco e sem grandes manifestações e, muito pelo contrário, com o apoio de poderosos, com o apoio de Neymar e outros jogadores que são mais do que jogadores, são influenciadores de uma nação inteira”, diz Juliana Valente.
A advogada criminalista, especialista em violência de gênero e representante da rede feminista de juristas (deFEMde), que estava presente na manifestação, fala que o ato foi uma forma de mobilizar a sociedade contra a decisão.
“Os movimentos conclamam que as sociedades esportivas, agremiações e coletivos também se manifestem contra essa cultura da impunidade, contra essa cultura misógina que permeia o mundo todo e principalmente a cultura do futebol, a cultura dos milionários”, diz.
Luka Franca, secretária de organização estadual do Movimento Negro Unificado (MNU), ressalta que os movimentos vão seguir monitorando o caso. “Nós seguimos acompanhando esse caso, nessa pressão, porque não é possível que nós não tenhamos responsabilização de quem abusa de mulheres, de quem estupra mulheres”.

PM presente
Duas viaturas da Polícia Militar do Estado de São Paulo apareceram durante a realização do ato. Segundo as manifestantes, os PMs teriam sido acionados após uma denúncia de que tinta foi jogada contra o prédio, o que é negado pelo grupo. A Ponte procurou o Consulado da Espanha e a Secretaria da Segurança Pública do Estado de São Paulo (SSP-SP) questionando a abordagem. Não houve retorno.
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Ninguém foi detido e a Polícia Militar ficou presente no ato até a dispersão das manifestantes.