“Procure” é daquelas músicas que, como muito bem disse Capiba, entram na cabeça, depois tomam o corpo e acabam no pé
Se após ler este texto você decidir ouvir o novo clipe do rapper Rico Dalasam certifique-se de estar num lugar onde as pessoas possam lhe ver balançado o corpo, de olhos fechados e com aquele risinho de quem está brisando no som. Sonzão, nesse caso.
“Procure” é daquelas músicas que, como disse muito bem o compositor pernambucano Capiba, entram na cabeça, depois tomam o corpo e acabam no pé. O efeito colateral vem de um afinado abraço da sonoridade africana com elementos da música eletrônica. A faixa, produzida por Filiph Neo e JAPA System, traz a batida do samba e de atabaques mais marcantes que em Orgunga, seu primeiro álbum, lançado há seis meses, no qual Dalasam explorou seu orgulho de ser rapper, negro e gay.
Esse caldo eletrizante, com a cara do fervo, embala denúncias de opressão, desigualdade, exclusão e traz no refrão um recado: Procure o que é sorrir assim no dicionário. Que recado? Rico Dalasam detesta significar e simplicar. Ele pensa e quer provocar o pensar, então, você vai ter que procurar o seu.
Fazer isso dançando, mesmo que seja no meio da cozinha, enquanto prepara um sanduíche, é catártico. Só fica ligado para não deixar o tostex queimar.