Débora Soriano de Melo, 23 anos, foi vítima de feminicídio em dezembro de 2016. Promotor afirma que assassino a matou para tentar ficar impune do abuso sexual praticado contra a jovem
O MP-SP (Ministério Público de São Paulo) denunciou pelos crimes de estupro e de homicídio triplamente qualificado Willy Gorayeb Liger, então gerente de um bar na Mooca, zona leste de São Paulo, que estuprou e matou a militante feminista Débora Soriano de Melo em 14 de dezembro do ano passado.
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O crime de feminicídio contra a jovem de 23 anos foi revelado pela Ponte Jornalismo. Confira aqui a denúncia apresentada à Justiça pelo promotor Felipe Eduardo Levit Zilberman. Contra Willy, as denúncias têm as seguintes qualificações: emprego de meio insidioso ou cruel, de recurso que tornou impossível a defesa da vítima, tentativa de assegurar a impunidade da violência sexual e crime contra a mulher em razão da condição de sexo feminino.
De acordo com a Promotoria, Liger estava numa casa noturna na região central de São Paulo com dois amigos. Em frente ao local, eles conheceram Debora e uma outra mulher. A convite do então gerente, os cinco se dirigiram até o bar, que pertence ao primo Delano Ruiz Liger. Foi exatamente Delano quem denunciou o criminoso no 18º Distrito Policial.
A investigação apontou que, por volta das 10 horas daquele dia, a amiga de Débora e os amigos de Willy saíram e ficaram apenas os dois no local. “A porta foi trancada. Como a vítima se recusou a manter voluntariamente relações sexuais com ele, Willy passou a estuprá-la violentamente”, afirma o promotor Zilberman.
“O acusado, valendo-se de brutal violência física inclusive com utilização de instrumento contundente, praticou atos libidinosos que provocaram lesões internas graves na vítima e que lhe causaram severa hemorragia e atroz sofrimento”, complementa.
Para ficar impune do crime de estupro, Liger decidiu matar Debora, ainda de acordo com o MP. Utilizando um bastão maciço de madeira, o denunciado golpeou repentinamente a cabeça de Débora, que não teve chances de esboçar qualquer reação. “O crime de homicídio foi cometido para assegurar a impunidade do crime de estupro anteriormente praticado contra a mesma vítima. O crime foi cometido, ainda, contra mulher em menosprezo e discriminação à condição feminina da vítima”, relata o promotor.
O MP pediu que a Justiça determine a manutenção da prisão preventiva do denunciado. Como argumento, o promotor ressaltou que Liger é acusado reincidente, tendo sido já condenado por estupro e roubo. Além disso, o denunciado já agrediu e ameaçou uma mulher a quem foram concedidas medidas protetivas com base na Lei Maria da Penha. A Ponte Jornalismo revelou o relato de uma jovem que foi estuprada por Willy Gorayeb Liger.
Depois do crime contra Débora, Willy chegou a fugir para a Bahia. Com trabalho em conjunto das polícias de São Paulo e da Bahia, e com pressão popular dos movimentos sociais aos quais Débora pertencia, Willy foi preso depois de nove dias na cidade de Ubaitaba, no interior do Estado nordestino. Ele já era considerado foragido da Justiça antes do estupro e assassinado de Débora, pelos crimes de estupro e de roubo.
Débora deixou os pais, dois filhos e amigos. Ela era evangélica, estava solteira e era militante feminista. A jovem integrava e apoiava movimentos sociais ligados à luta das mulheres em São Paulo, como a UJS (União da Juventude Socialista) e a UBM (União Brasileira de Mulheres). Nascida em Cáceres, no Mato Grosso, ela morava no bairro de Vila Nova Curuçá, na zona leste da capital paulista. A jovem estudou Processos Gerenciais na Faculdade Carlos Drummond de Andrade.