Reunião acontece após protesto ocorrido em frente à Alerj, quando mães de vítimas da violência do Estado entregaram carta cobrando medidas para punição dos envolvidos nesses crimes
O filho de Irone Santiago, Vitor Santiago, ficou paraplégico depois de ser atingido por duas balas de fuzil disparadas pelo Exército Brasileiro, há dois anos, no Complexo da Maré. Ela é uma das mães que esteve presente no encontro, que aconteceu na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), com o titular da Secretaria estadual de Proteção e Apoio à Mulher e ao Idoso, Átila Nunes Filho, o presidente da Comissão de Direitos Humanos, deputado Marcelo Freixo e o presidente em exercício da Casa, deputado André Ceciliano.
“Com 29 anos meu filho ficou paraplégico, perdeu uma perna, teve que fazer cirurgia no pulmão, hemodiálise. Tudo porque ele saiu para assistir ao jogo do Flamengo com mais quatro amigos, mas os militares acharam suspeito o carro em que estavam e atiraram” disse Irone. “Os fuzis estão apontados para as comunidades, para os pobres, pretos, favelados, periféricos”, completou ela.
Os familiares de vítimas de violência policial se reuniram logo após a aprovação em plenário, em primeiro turno, do projeto de lei que cria a Semana de Luta das Mães e Familiares Vítimas da Violência do Estado. A segunda fase de discussão e votação do texto está prevista para a próxima quarta-feira. Além disso, cobram celeridade na aprovação do Projeto de Lei 182/2015, que tramita na Alerj e determina afastamento imediato de policiais que já respondam a processos na Justiça. O grupo de familiares também reivindica a criação de um fundo de reparação econômica, psíquica e social a parentes de vítimas, a autonomia das perícias e a aprovação. Todas essas reivindicações estão em uma carta que foi entregue à Alerj, há uma semana, na mesma data do protesto realizado em frente a Casa. Também nesta data, foi realizado um encontro entre mães que perderam os filhos vítimas da violência policial, em Manguinhos, no Rio, que contou com a participação da Débora Silva, uma das líderes do Movimento Mães de Maio, que surgiu para dar voz aos que perderam familiares em maio de 2006. Com o tempo, o movimento cresceu e hoje contempla toda e qualquer vítima dessa violação.
O deputado Marcelo Freixo afirmou que essa luta não é de hoje e que a interlocução com as mães é fundamental para transformar em políticas públicas importantes. O secretário dos direitos de proteção à mulher e ao idoso, Atila Nunes, vai receber as mães e os pais na Secretaria na próxima quarta-feira, dia 31/5, para discutir as demandas. “Em um caso de violação de direitos humanos que partiu do Estado em algum momento, isso deve ser primeiramente reconhecido. A partir daí, temos que estudar uma forma de dar toda assistência necessária à família. Então a ideia é criar um diálogo permanente para que possamos entender cada caso e então desenvolvermos uma política para a assistência”, disse ele.
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