Cúpula do PCC volta a se encontrar em Brasília após sete anos de isolamento

    Os três principais integrantes da facção criminosa paulista segundo o MP – Marcola, Tiriça e Abel Vida Loka – estão presos em presídio federal de Brasília; autoridades criticam transferências

    Foto: Reprodução

    Depois de sete anos de isolamento, a sintonia final geral ou a cúpula do PCC (Primeiro Comando da Capital), como é chamado o grupo que comanda a facção, volta a se encontrar, dessa vez na Penitenciária Federal de Brasília. O reencontro de Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola, Roberto Soriano, o Tiriça, e Abel Pacheco de Andrade, o Vida Loka, na mesma prisão já preocupa as autoridades do Distrito Federal.

    O governador Ibaneis Rocha criticou a transferência do líder máximo do PCC para a capital federal, realizada na última sexta-feira (22/03). “Isso é um absurdo, um erro. A presença dos líderes do PCC em Brasília vai atrair outros criminosos dessa facção para aterrorizar o Distrito Federal”, reagiu o governador. O presidente da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) do DF, Délio Lins e Silva, disse que o presídio federal “trará vários Marcolas para Brasília”.

    Segundo organograma feito pelo MP (Ministério Público) do Estado de São Paulo, o nome de Marcola aparece no topo da organização, seguido por Tiriça e Vida Loka. A sintonia final geral do PCC era composta por oito presos. Três deles, Rogério Geremias de Simone, o Gegê do Mangue, Fabiano Alves de Souza, o Paca, e Edilson Borges Nogueira, o Birosca, foram assassinados.

    Os outros dois são Júlio César Guedes de Moraes, o Julinho Carambola, e Daniel Vinícius Canônico, o Cego, transferidos no mês passado para a Penitenciária Federal de Mossoró – onde permanecem reclusos, diferentemente do que aconteceu com os demais nesta semana.

    Outros três nomes de peso na hierarquia do PCC também estão cumprindo pena na Penitenciária Federal de Brasília. Um deles é Wanderson Nilton de Paula Lima, o Andinho, condenado a mais de 800 anos; o outro é Alejandro Juvenal Herbas Camacho Júnior, irmão de Marcola, e o terceiro é Cláudio Barbará da Silva, o Barbará.

    Investigações do Gaeco de Presidente Prudente apontam que Marcola, Tiriça e Vida Loka, ao lado de Gegê, tomavam em conjunto as decisões do PCC quando estavam presos na Penitenciária 2 de Presidente Venceslau. A retirada da cúpula de São Paulo gerou apreensão dentro do sistema prisional paulista, mas, até o momento, não aconteceu nenhuma reação por parte do grupo criminoso.

    Parte da sintonia final, como Gegê do Mangue, Paca e Birosca, está morta | Foto: Reprodução

    Em novembro de 2012, com a remoção de Tiriça para a Penitenciária Federal de Porto Velho, teve início a separação da sintonia final geral do PCC. A transferência se deu pois Tiriça é apontado como mandante de ataques ocorridos no mesmo ano contra policiais de São Paulo.  Em junho de 2016, a Justiça de São Paulo também autorizou a remoção de Vida Loka para um presídio federal. A motivação seria motins em presídios do Vale do Paraíba.

    A separação da sintonia final geral do PCC e a remoção dos homens da cúpula da facção para presídios federais não impediram a liderança do grupo de continuar agindo. Roberto Soriano foi indiciado sob a acusação de ter ordenado, de dentro da prisão, assassinatos de agentes federais. Abel Pacheco de Andrade é acusado de planejar ataques a bombas contra prédios públicos e contra as forças de segurança.

    Hoje, o principal nome do PCC nas ruas é Gilberto Aparecido dos Santos, o Fuminho, responsável por comandar o tráfico de drogas da Bolívia e Colômbia para o Brasil – posteriormente, a droga é enviada à Europa. Segundo o MP paulista, Fuminho está escondido em um desses dois países, de onde dá as ordens. Apesar desta atuação, seu nome não aparece em listas de procurados pelas polícias, seja do Brasil ou da Europa.

    O medo das autoridades de Brasília é que a sintonia final geral, agora recolhida na mesma prisão federal, possa ser alvo de uma violenta ação de resgate. O Depen (Departamento Penitenciário Nacional) sustenta que os líderes de facções são sempre transferidos de uma prisão federal para outra, numa espécie de rodízio e em período curto, justamente para não criar vínculo.

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