Poeta, que mistura religiosidade e raça, combate e comédia, representará o Brasil no mundial de poesia falada em Paris

Da quebrada da zona sul da cidade de São Paulo para a França. A poeta Kimani, 26 anos, venceu a final do Slam BR 2019 e será a representante do Brasil na Copa do Mundo de poetry slam (poesia falada), em Paris, na França. A competição aconteceu no Sesc Pinheiros, na zona oeste da capital paulista, entre os dias 12 e 15 de dezembro.
Mulher, preta e periférica, Kimani levou a melhor em uma disputa com 22 poetas de 16 estados brasileiros. Em suas poesias, ela lança mão de um pouco de humor e muita ironia, sem perder o tom crítico ao questionar valores religiosos e questões como o racismo e o machismo.

Em um dos poemas declamados na competição, Kimani homenageou o Mestre Moa do Katendê, 63 anos, assassinado por um eleitor do presidente Jair Bolsonaro depois do primeiro turno das eleições em outubro de 2018. Em novembro de 2019, Paulo Sérgio Ferreira de Santana foi condenado pelo crime.
Entre os seis poetas finalistas, na tarde deste domingo (16/12), Kimani se destacou com pontuação máxima em um rodada emocionante. Ela dedicou o título à todas as pessoas que acompanham seu trabalho desde o seu encontro com a poesia.

Na final, ela enfrentou os poetas Beká, de São Paulo, King, representando o Rio de Janeiro, Bixarte, da Paraíba, Iza Reys, de Minas Gerais, e Jamille, do Rio Grande do Sul. Passaram pela competição poetas do Acre, Ceará, Distrito Federal, Espírito Santo, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Pará, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Santa Catarina e Sergipe.

Ao levantar o troféu, ela agradeceu a todos os poetas que a acompanharam nessa caminhada e também lembrou de sua mãe, com quem não fala há muitos anos, e ao pai, já falecido.

