Policiais fazem campanha no Facebook contra filmagem de colegas

    Agentes pedem que seus colegas de trabalho não façam gravações de policiais em ‘situação constrangedora’, como, por exemplo, as frequentes imagens de suspeitos executados em supostos confrontos em que agentes aparecem

    Em grupos restritos a policiais militares e policiais civis de São Paulo no Facebook, agentes criaram e estão disseminando uma campanha pedindo para que seus colegas de trabalho não façam gravações de policiais em “situação constrangedora”.

    1São dois os principais tipos de “situações constrangedoras” gravadas pelos policiais. A primeira, e mais constante, é divulgada como um troféu. Trata-se de imagens de agentes torturando psicologicamente suspeitos ou de fotografias de acusados de terem cometido algum crime mortos em suposto confronto.

    O segundo tipo de gravação contestada nos grupos restritos tem a ver com policiais que eventualmente, por fadiga, deixam de fazer aquilo que deveriam. Recentemente, um policial militar que estava dormindo em pé foi gravado por seu colega de trabalho, durante a madrugada e, depois, virou motivo de piada. O PM que gravou foi afastado.

    As opiniões dos agentes na rede social é unânime. Todos apoiam. “Já não basta o policial ter que tomar cuidado com o que está acontecendo na região e ao mesmo tempo com o celular na mão. Agora, tem esses ‘colegas’, amigos do cão. A polícia já não é mais a mesma”, afirma um dos policiais.

    “Falta de respeito, de profissionalismo, de ética. Falta tudo a um policial que faz isso”, afirma outro agente. “Infelizmente, alguns colegas perderam o senso do ridículo. Parecem adolescentes fotografando e filmando tudo o que aconteceu”, diz um PM.

    Há também aqueles que querem acobertar policiais que comentem erros. “Isso se chama cuspir no prato que come. Se estiver vendo uma situação incompatível com decoro da classe, chame a atenção dele. Não jogue no Facebook para todos os PMs se ferrarem”, diz um agente. “Somos a única classe que produz prova contra nós mesmos”, afirma outro policial.

    Procurada, a SSP (Secretaria da Segurança Pública) não se manifestou sobre a campanha.

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