Comunidade em Cotia, na Grande SP, chega a ficar sem água por três dias seguidos: “a gente quer tomar banho e não tem água”, afirma moradora
Cerca de 100 famílias da Comunidade Respire Bem, localizada no Jardim Nova Cotia, na Grande São Paulo, estão sofrendo com desabastecimento de água em plena pandemia. A reportagem conversou com moradores do local na última sexta-feira (26/6), mas, até esta segunda-feira (29/6), o abastecimento não havia sido normalizado.
Além da escassez de alimento e dívidas que se acumulam pelo desemprego, não ter água afeta os cuidados básicos de higiene, método eficaz para evitar o contágio pela Covid-19.
“Estamos há três dias sem água em casa. A água chega umas cinco horas da manhã, mas logo acaba. Aí a gente fica o dia todo sem água. Sempre aconteceu esse problema. A gente tem criança em casa, ficamos desesperados”, disse a cozinheira Marilene Pereira dos Santos, moradora da comunidade, na última sexta-feira. Marilene trabalhava como empregada doméstica e está desempregada.
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Marilene e seus vizinhos que passam por essa dificuldade dependem da solidariedade de outras pessoas. “A gente quer lavar a roupa e não tem água. Quer tomar banho e não tem água. A gente pede para os moradores que vivem aqui ao redor e não estão sendo afetados pela falta d’água uma ajuda, mas nem sempre conseguimos”, relata a cozinheira Celma dos Santos, irmã de Marilene, que também está desempregada.
A dificuldade com a falta d’água não é de hoje. Em 2018, dezenas de moradores ocuparam a Sabesp após ficarem 11 dias consecutivos sem abastecimento. O problema foi resolvido na ocasião, mas retornou agora e, o pior, em um momento onde a água, que é um direito, ganha maior importância por causa do combate ao coronavírus.
“Como pode, em plena pandemia, estarmos vivendo essa mesma situação? A gente não pode nem dar banho nos nossos filhos. Essas famílias merecem ser tratadas com respeito e dignidade, pois estão tirando um direito básico delas que é o acesso à água”, critica Neide Santana, liderança comunitária da região.
Procurada pela reportagem, a Sabesp informou que enviou equipes aos endereços citados (rua Penha e rua Brumado) e não constatou irregularidades com o abastecimento. Disse ainda que será feito um monitoramento nos próximos dias para investigação.
“A Companhia esclarece que não havia registros de falta d’água em seus canais de atendimento. A Sabesp destaca ainda que existe na região uma área que necessita de regularização fundiária, onde, por lei, a Companhia não pode atuar”, completou.