Campanha por afastamento de policiais que matam em SP recebe apoio de 195 entidades

    Iniciativa da Rede de Proteção e Resistência Contra o Genocídio foi apresentada ao Ministério Público do Estado de São Paulo no final de novembro

    Familiares, amigos e a Rede de Proteção e Resistência ao Genocídio em protesto contra a morte do jovem Wenny por policiais militares na zona leste de São Paulo em dezembro de 2020| Foto: Sérgio Silva/Ponte Jornalismo

    Quase 200 movimentos, instituições e coletivos assinaram uma nota pública, divulgada nesta sexta (25/12), de apoio a uma campanha que pede o afastamento automático de policiais que matam em São Paulo. A iniciativa da Rede de Proteção e Resistência Contra o Genocídio foi apresentada ao Ministério Público do Estado de São Paulo (MP-SP) no final de novembro.

    A nota destaca o recente aumento dos casos de homicídio de jovens negros envolvendo integrantes das polícias e defende a remoção do agente policial do território onde ocorreu o crime. O objetivo é resguardar familiares e vítimas, conter interferência em provas, intimidação de testemunhas e novos homicídios.

    “É mais do que uma nota, estamos lançando uma campanha”, afirma à Ponte a psicóloga e articuladora da Rede de Proteção e Resistência Contra o Genocídio, Marisa Feffermann. Segundo ela, uma das razões para isso é o aumento da letalidade em 2020. “Teve concretamente um aumento de execuções no meio da pandemia.”

    E a quantidade de pessoas ameaçadas pela polícia também subiu muito, acrescenta a articuladora da rede, que declara receber pelo menos uma nova denúncia por dia relacionada a tortura, execução e prisão forjada. “Estamos acompanhando cerca de 55 casos que estão no Ministério Público, Defensoria ou com advogados e prestando apoio psicológico às famílias das vítimas.”

    Leia também: Em SP, quanto mais a PM mata, menos policiais são presos por homicídio

    Marisa afirma que pelo menos outros 70 casos graves chegaram à rede, mas estão parados. “Famílias temem dar andamento em denúncias”, observa Marisa.

    A articuladora e ativista relata uma ocorrência recente que a rede está acompanhando em uma favela na zona sul. Um rapaz em fuga foi mobilizado com violência por policiais e a comunidade tentou ajudar.

    Três moradores que filmavam a ação e tentavam conter a agressão foram levados para a delegacia junto com o rapaz, como suspeitos de algum crime. “Essas pessoas estão sendo ameaçadas e não podem sair de casa.”

    Outro caso citado por ela é de um jovem executado pela polícia em uma comunidade na zona leste. “Familiares e amigos da vítima não conseguem depor porque estão sendo ameaçados por policiais, eles dizem que se alguém falar alguma coisa vai sofrer o mesmo que aconteceu com o rapaz.”

    Medo e insegurança

    O objetivo da nota e da campanha é pressionar o MP-SP para que se posicione e abrace a proposta apresentada pela rede, para que ela seja encaminhada ao governo estadual, à Secretaria de Segurança Pública e implementada de fato, explica Marisa.

    “Reunimos 195 entidades e movimentos negro, de cultura, criança e adolescente, direitos humanos, de moradia, estudantis, ONGs importantes como a Conectas e outras, é um documento de peso, estamos começando essa campanha com parceiros muito fortes”, destaca a ativista.

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    “Agora vamos pensar nos próximos passos com esses parceiros, quem assinou está junto”. Marisa garante que o movimento não vai parar até que a iniciativa avance de modo concreto. “Nossa proposta é pensar uma política de segurança pública”, afirma a articuladora.

    Marisa chama a atenção para a importância do formato como atua a Rede de Proteção e Resistência Contra o Genocídio, que tornou possível a campanha. Criada em 2017, é atualmente composta por 32 articuladores, presentes em diversas periferias da capital paulista.

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    “A realidade com a qual nos deparamos no cotidiano dos territórios em que estamos fez com que construíssemos esta campanha, para o debate entre movimentos, instituições e coletivos e também como uma proposta para a redução de danos, algo de extrema necessidade”, ressalta Marisa. “As pessoas que moram nessas regiões vivem sob o regime do medo e da insegurança.”

    Assinam o documento da Rede de Proteção e Resistência ao Genocídio as seguintes entidades e movimentos:

    Abc Antifascista
    ABGLT – Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Intersexos.
    ABRAMD – Associação Brasileira Multidisciplinar de Estudos sobre Drogas
    ABRAPSO – Associação Brasileira de Psicologia Social
    ACBANTU – Associação Nacional Cultural de Preservação do Patrimônio Bantu
    AFAPE – Associação de familiares e amigos de presos e egressos
    Afirmação Rede de Cursinhos Populares
    Agencia Solano Trindade
    AMOPAZ – Assoc. dos Moradores da V. Cristina e da V. da Paz
    ANDHEP – Associação Nacional de DH, Pesquisa e Pós Graduação
    Anepe – Articulação Negra de Pernambuco
    Arte e Educação
    Associação agentes da cidadania (Mulheres da Luz)
    Associação Amparar
    Associação Brasileira de Imprensa
    Associação de direitos humanos do Alto Tietê e cidades adjacências
    Associação dos Cristãos para Abolição da Tortura
    Associação Esperança de um Mundo Melhor/ Favela Beira Rio
    Associação Incluí Mais
    Associação Rede Rua
    ATOESP – Associação de Terapeutas Ocupacionais
    Batalha da vila luzita
    Batalha de Paraisópolis
    Bloco do Beco
    Bloco Eu Acho é Côco
    Bocada Forte Hip Hop
    Brasil Deficiente
    Brigadas Populares – São Paulo
    Católica pelo Direito de decidir
    CDH da OAB/ SP
    CEDECA LIMEIRA
    CEDECA São José do Campos e Região
    Cedeca Sapopemba
    CEN – Coletivo de Entidades Negras
    Central de Moivmento Populares Sp
    Central dos Movimentos populares
    Centro Carlos Alberto Pazzini de Direitos Humanos
    Centro de Convivência é de Lei
    Centro de Defesa dos Direitos de Crianças e Adolescentes – CEDECA Interlagos
    Centro de Direitos Humanos de Sapopemba
    Centro de direitos Humanos e educação popular – CDHEP
    Centro Gaspar Garcia de Direitos Humanos
    Círculo Palmarino
    Coletivo Afro de Rio Grande da Serra
    Coletivo Católico Progressista IPDM (Igreja Povo de Deus em Movimento)
    Coletivo contra a tortura
    Coletivo da Marcha da Maconha Campinas
    Coletivo de Terapeutas Solidários
    Coletivo Elo da Corrente
    Coletivo Femininista Vermelhass
    Coletivo Feminista
    Coletivo Liberdades Poéticas
    Coletivo Marielle – Grande SP
    Coletivo Perifatividade
    Coletivo Raiz da Liberdade
    Coletivo de Terapeutas Solidários
    Coletivo Tem Sentimento
    Comisão de Política Criminal e Peniteniária da OAB/SP
    Comitê da America Latina e do Caribe para a Defesa dos Direitos das Mulheres – CLADEM Brasil
    Comunicannábicos
    Comunidade Quilombaque
    Conectas Direitos humanos
    CONEN – Coordenação Nacional de Entidades Negras
    Coral Cênico Cidadãos Cantantes
    CPDOC Guaianás (Centro de pesquisa e documentação histórica Guaianás)
    Craco Resiste
    CRP – Conselho Regional de psicologia de São Paulo
    Edições Me Parió Revolução
    Entregadores Antifascistas
    Escola Feminista
    Escola Feminista Abya Yala assina
    Espaço Cultural Marcelo Leme
    Família Rap Nacional
    Federação Nacional dos Psicólogos
    Federação Paulista de Breanking
    Força Ativa
    Fórum Brasileiro de Segurança Pública
    Fórum DCA São Mateus
    Fórum de Hip Hop do Ipiranga
    Fórum Defesa Vida
    Forum Estadual de Defesa dos direitos humanos de criança e adolescente de SP
    Fórum Municipal de Defesa dos Direitos Humanos de Campinas
    Fórum Paulista LGBT
    Forum Popular da Saúde Mental da Zona Leste
    FPLAM – Fórum Paulista da Luta Antimanicomial
    Frente Anarquista da Periferia
    Frente Estadual pelo Desencarceramento de São Paulo
    Gastronomia Periférica
    Geledes Instituto da Mulher Negra
    Grupo Cachuera
    Grupo de Estudo, Pesquisa e Extensão Sobre crianças, Adolescentes e Famílias Gcaf/ Unifesp
    Grupo de rap Comunidade Carcerária
    Grupo Prerrogativas
    IBCCRIM – Instituto Brasileiro de Ciências Criminais
    IDENTIDADE – Grupo de Luta pela Diversidade Sexual – Campinas
    Ideologia Fatal
    Iniciativa Negra por uma Nova Política sobre Drogas
    Instituto de Defesa do Direito de Defesa – IDDD
    Instituto de Educação e Direitos Humanos Paulo Freire
    Instituto Sou da Paz
    Instituto Terra,Trabalho e Cidadania – ITTC
    Instituto Vladmir Herzog
    Intercambiantes Sp
    Jornal Empoderado
    Kilombagem
    Luta Popular
    Mães em luto da Zona leste
    Mandela Free
    Marcha da Maconha – BH
    Marcha da Maconha – Joinville
    Marcha da Maconha – Paraty
    Marcha da Maconha – Santos
    Marcha da Maconha – Uberlândia
    Marcha Mundial de mulheres
    Megê Design (permacultura)
    MMNSP – Marcha das Mulheres Negras de São Paulo
    MNU – Movimento Negro Unificado
    Movimenta de Mulheres da Agroecologia e Permacultura (Muvuca)
    Movimento Antirracista Dandara
    Movimento de Mulheres e Mães Jardineiras
    Movimento Nacional de Luta em Defesa da População em Situação de Rua- MNLDPSR
    Movimento Nacional de Meninos e meninas de Rua
    MST – Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra
    MTST- movimento dos trabalhadores sem teto
    Mulheres do ABC, O Bloco.
    NegraSim
    NEV – USP – Núcleo de Estudos da Violência da USP
    Núcleo de Defesa de Direitos Humanos das Pessoas em Situação de Rua- São Paulo
    Ocupação Independente Aqualtune
    Organização Anarquista Socialismo Libertário – OASL
    Padre Paulo Sérgio Bezerra
    Pânico Brutal – Rap Combatente
    Periferia Segue Sangrando
    Plataforma Brasileira de Politica de Drogas
    Posse Poder e Revolução
    Projeto Fique Legal
    Promotoras Legais Populares – Santo André
    Quilombo invísivel
    Quilombo Primeira Infância
    Raiz da Liberdade Coletivo Negro do MTST
    Rede Brasileira de Teatro de Rua – RBTR
    Rede Emancipa
    Rede Feminista de Juristas -deFeMde
    Rede Nacional de Feministas Antiproibicionistas
    Rede Permaperifa
    Rede Quilombação
    Rede Social de Justiça e Direitos Humanos assina
    REDUC – Rede Brasileira de Redução de Danos e Direitos Humanos.
    Revista Amazonas
    Rosanegra Ação Direta e Futebol
    Samba negras em marcha
    São Mateus em Movimento
    Sarau Composição Urbana
    Sarau da Brasa
    Sarau do Fórum
    SASP – Sindicato dos Advogados de São Paulo
    SBEC – Sociedade Brasileira de Estudos da Cannabis Sativa
    SEFRAS/Serviço Franciscano de Solidariedade
    Sindicato dos Psicólogos de São Paulo
    SINTUSP – Sindicato dos Trabalhadores da USP
    Socialismo ou Barbárie
    Somando na Quebrada
    SOS Forjados – Herdeiros Humanísticos
    UJS – União Juventude Socialista
    Uneafro Brasil
    Unegro – SP
    União Estadual dos Estudantes Secundaristas
    UPES – União Paulista dos Estudantes Secundaristas

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